Ambições para além do trabalho: conheça o quiet ambition

Postado em 8 de mar de 2024
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Quiet ambition é uma mudança de mentalidade em relação ao trabalho, caracterizada pela priorização do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e saúde mental em detrimento da ascensão a altos cargos de gestão. 

Ela tem sido associada à Geração Z, que engloba pessoas que nasceram entre 1995 e 2010. No entanto, profissionais de todas as idades podem seguir o quiet ambition, em especial após a pandemia de Covid-19. 

Saiba mais sobre esse fenômeno a seguir:

 

O que significa quiet ambition 

Quiet ambition pode ser traduzido para “ambição silenciosa”, mas não significa que esse fenômeno seja caracterizado pela falta de ambição.

O termo se refere a profissionais que não desejam ocupar cargos de gestão e de diretoria, pois acreditam que uma maior remuneração não compensaria a carga mental e a quantidade de horas trabalhadas decorrentes dessas posições. 

Para esse perfil, mais importante do que ascender na hierarquia de uma empresa é manter o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, cuidar da saúde mental, ter tempo para se dedicar à família e exercer uma atividade remunerada que tenha propósito. Ou seja, eles ambicionam algo que vai além da subida na escada corporativa.

O quiet ambition tem sido associado à geração Z, no entanto, qualquer pessoa, independentemente da idade, pode manifestar a vontade de ter um emprego mais tranquilo em vez de se tornar um gestor. 

Quem cunhou a expressão “quiet ambition” foi o escritor e desenhista Austin Kleon, em uma entrevista para uma série de reportagens sobre ambição da revista Fortune, publicada em abril de 2023. Desde então, o termo tem sido bastante explorado na mídia dentro e fora do Brasil.

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Diferença entre quiet ambition, quiet quitting e quiet thriving 

Os três fenômenos ganharam força com a pandemia de Covid-19, que levou as pessoas a refletirem sobre propósito e o tempo que dedicavam a empregos que, para elas, poderiam não ter significado. 

Enquanto no quiet ambition as pessoas continuam trabalhando duro, mas dentro dos seus limites e visando a objetivos que não sejam uma promoção, no quiet quitting o profissional realiza apenas as tarefas que são de sua competência, sem se esforçar muito. Ele faz estritamente o que foi combinado com o gestor, sem correr o risco de perder o emprego. 

Já o quiet thriving consiste em fazer pequenas mudanças no dia a dia de trabalho, com o objetivo de lidar com as frustrações e proteger a saúde mental. Elas são realizadas por indivíduos que estão insatisfeitos com o emprego ou com a cultura organizacional, mas não podem simplesmente pedir demissão por uma série de motivos. 

🔵Leia também: As profissões que serão extintas no futuro (e as que vão permanecer)  

Os impactos do quiet ambition no meio corporativo 

A ambição por um maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal não é novidade. O que mudou foi a atenção que o tema passou a receber no meio corporativo, principalmente com a pandemia de 2020. Mais pesquisas foram feitas para entender o que os colaboradores esperavam de suas trajetórias dentro de uma empresa. 

Uma delas foi conduzida pela plataforma canadense de people analytics Visier em agosto de 2023. Mais de 1000 trabalhadores dos EUA responderam se gostariam de se tornar gestores ou não e quais são suas ambições dentro e fora do trabalho.

Apenas 4% dos entrevistados têm como meta pessoal assumir um posto C-Level em algum momento da carreira. Permanecer no cargo em que estão, sem ter que liderar equipes, é a preferência de 62% dos participantes.  

Os principais motivos para não desejarem se tornar gestores são as grandes responsabilidades associadas à liderança, o maior estresse/pressão e o aumento na carga horária de trabalho. 

Em relação às ambições, metas não relacionadas ao trabalho aparecem nos três primeiros lugares: 

  1. Passar tempo com a família e amigos: 67% 
  2. Ter saúde física e mental: 64% 
  3. Viajar: 58% 
  4. Receber um aumento: 54% 
  5. Se dedicar aos próprios hobbies: 29% 
  6. Trabalhar em uma empresa que ofereça flexibilidade: 29% 
  7. Ser promovido: 23% 
  8. Constituir uma família: 22% 
  9. Ser voluntário em uma boa causa: 20% 
  10. Começar o próprio negócio: 15% 
  11. Se tornar um gestor de pessoas: 9% 
  12. Se tornar um executivo C-Level: 4% 

E quando perguntados quão motivados estão para ser bem-sucedidos nas empresas em que trabalham atualmente, 63% dos participantes responderam: “Eu me importo em fazer um bom trabalho, mas não comprometer meu equilíbrio entre vida pessoal e profissional”. 

Pesquisas como essa da Visier levantaram a dúvida se, no futuro, haverá profissionais dispostos a ocupar cargos de alta gestão. A resposta é sim, desde que haja um ajuste de expectativas. 

O estudo recomenda que as organizações reavaliem as estratégias de preparação e promoção de líderes. A pesquisa oferece pistas de como fazer isso: possibilitar uma maior flexibilidade que permita ao colaborador dedicar o tempo necessário à família e ao autocuidado. 

Também orienta a dar apoio às gerações mais jovens, valorizando o resultado dos projetos que participam e escutando suas necessidades. Para a Geração Z, é mais importante realizar um trabalho que traga resultados do que o título do cargo.

É preciso ter em mente também que sempre houve profissionais com vontade de liderar e outros não, o que mantém a sustentabilidade no mercado de trabalho. Se todos desejassem ser diretor, haveria muito mais profissionais frustrados com suas carreiras. 

Não desejar chegar ao topo da hierarquia de uma empresa não significa falta de ambição. É uma nova forma de enxergar a forma como o trabalho impacta as nossas vidas – e o significado que atribuímos a ele.

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Olívia Baldissera

Por Olívia Baldissera

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Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo do Blog do EAD.