Inovação de produto: entendendo o conceito e suas implicações

Postado em 23 de fev de 2024
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Um bem ou serviço que foi aprimorado significativamente ou que seja completamente novo no mercado é considerado uma inovação de produto. Esse processo é fundamental para as empresas reterem e atraírem novos clientes, permanecendo relevantes no setor em que atuam. 

A seguir, você vai conhecer mais detalhes do conceito e alguns exemplos de produtos inovadores. Acompanhe: 

 

O que é inovação de produto 

A inovação de produto é caracterizada por um novo ou melhorado bem ou serviço que difere significativamente de um bem ou serviço anterior de uma empresa. Esse produto já deve ter sido lançado no mercado para ser considerado inovador. 

Um bem é um objeto tangível, cuja posse pode ser transferida por meio de transações de mercado. Já um serviço engloba atividades intangíveis que são produzidas e consumidas simultaneamente para mudar as condições dos usuários. 

A inovação de produto pode ser desenvolvida a partir de novos conhecimentos e tecnologias ou se basear em combinações inusitadas de técnicas e dispositivos que já estavam disponíveis. 

Uma melhoria em um bem ou serviço pode estar relacionada a características funcionais, o que inclui qualidade, especificações técnicas, confiabilidade, durabilidade, eficiência econômica durante o uso, acessibilidade de preço, conveniência e usabilidade amigável.   

Todas essas funções não precisam ser aprimoradas para que haja a inovação do produto, basta uma delas estar presente. 

Outro fator importante para se definir a inovação de produto é o bem ou serviço estar disponível a potenciais usuários, mas não necessariamente precisa gerar vendas. Isso excluiria produtos digitais da definição, que muitas vezes são oferecidos sem custos financeiros ao usuário – mas que têm anúncios ou monetização de dados como fonte de receita.  

Mas o que seria um produto? 

Um produto é o resultado econômico de atividades de produção. Ele pode ser comercializado e utilizado para produzir outros bens e serviços, feitos para consumo final de residências e governos ou para investimento – no caso de produtos financeiros. 

Todas essas definições estão presentes no Manual de Oslo, publicação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que orienta e padroniza métodos de averiguação de inovação. O documento foi publicado pela primeira vez em 1990 e, hoje, está na 4ª edição.

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Os 4 tipos de inovação, de acordo com o Manual de Oslo 

O Manual de Oslo define “inovação” como: 

Inovação é 'um produto ou processo novo ou aprimorado (ou uma combinação dos dois) que difere significativamente dos produtos ou processos anteriores da empresa e que tenha sido introduzido no mercado ou colocado em uso pela empresa'.

A partir deste conceito, o documento traz uma classificação de tipos de inovação, que considera a inovação como um processo (atividades de inovação) ou como um resultado (inovação empresarial).

As atividades de inovação abrangem iniciativas de desenvolvimento, financeiras e comerciais de uma organização que têm como objetivo a inovação. Já a inovação empresarial engloba produtos, serviços ou processos que diferem significativamente de suas versões anteriores e que já estão disponíveis no mercado.  

De acordo com o Manual de Oslo, os tipos de inovação são: 

  1. Inovação de produto 
  2. Inovação de processo 
  3. Inovação de marketing 
  4. Inovação organizacional 

A definição da inovação de produto nós vimos por aqui. Já os outros três tipos de inovação são definidos da seguinte forma: 

Inovação de processo  

Mudanças nos processos produtivos ou logísticos, com o objetivo de melhorar a produtividade ou reduzir custos. Pode incluir novas práticas, métodos de trabalho e recursos tecnológicos. 

Inovação de marketing  

Implementação de novos ou significativamente melhorados métodos e estratégias de marketing, que não tenham sido usados anteriormente pela empresa. Pode ser um novo posicionamento de marca, uma nova forma de precificar o produto/serviço ou uma ação promocional. 

Inovação organizacional  

Adoção de novas práticas ou melhorias que beneficiam a gestão ou o modelo de negócio de uma organização. Envolve fluxo de trabalho, cultura organizacional e relacionamento com os colaboradores, clientes e fornecedores. 

🔵Leia também: Inovação sustentável, um dos caminhos para chegar à economia verde

Exemplos de produtos inovadores 

Depois de entender o conceito de inovação de produto, é o momento de conhecer alguns exemplos de produtos inovadores. Separamos 5 para esta lista, mas existem vários bens e serviços que inovaram neste e no século passado, nas mais diferentes indústrias.  

Confira: 

Roomba 

Modelo de Roomba, robô aspirador de pó. Kindel Media/Pexels.Modelo de Roomba, robô aspirador de pó. Kindel Media/Pexels

O Roomba representou uma inovação de produto na indústria dos aspiradores de pó. O pequeno robô foi lançado em 2002 pela iRobot, empresa fundada por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT). 

Foi esse primeiro modelo que definiu o padrão dos robôs que aspiram pó: formato arredondado, carregamento por bateria e capacidade de mudar de direção ao detectar obstáculos. 

O Roomba não foi o primeiro aspirador de pó robô do mundo. A Electrolux desenvolveu um projeto desse tipo de dispositivo em 1996 e a Dyson, em 2001, mas os produtos não foram lançados no mercado por esbarrarem nos objetos. 

iPhone

IPhone, exemplo de inovação de produto. PhotoMIX Company/Pexels.Aplicativos do iPhone. PhotoMIX Company/Pexels

Lançado em 2007, o iPhone é considerado uma inovação de produto no mercado de telefones móveis ao tirar dos laboratórios e levar para as ruas a tela sensível ao toque. 

Além disso, o celular da Apple foi responsável por uma inovação disruptiva: a criação das lojas de aplicativos. A Big Tech facilitou a conexão entre desenvolvedores de aplicativos e usuários de dispositivos móveis, mudando a forma como as pessoas acessavam a internet.

Se antes esse acesso se dava por meio de notebooks, com os aplicativos o principal canal passou a ser os smartphones. Isso representou não somente uma mudança no comportamento dos usuários, mas criou todo um novo mercado disputado pelas principais desenvolvedoras de celulares do mundo.  

Kindle 

Kindle, e-reader da Amazon. Freestocks.org/PexelsKindle, e-reader da Amazon. Freestocks.org/Pexels

O primeiro Kindle foi lançado em 2007 e mudou a forma como as pessoas leem – o que, inclusive, gerou debates na época sobre a possibilidade de extinção do livro impresso. 

O dispositivo da Amazon não foi o primeiro e-reader do mundo, mas inovou ao ser mais leve, compacto e intuitivo. A tecnologia usada na tela, a e-ink, foi outra inovação, ao possibilitar a leitura por longos períodos. 

Outro diferencial do Kindle era a possibilidade de comprar, baixar e ler livros digitais em um só lugar. Nos outros e-readers disponíveis no mercado, os usuários compravam o livro em um site e precisavam transferi-los ao dispositivo com a ajuda de um cabo.  

Até 2011, o Kindle tinha um teclado físico, semelhante ao dos celulares da Blackberry. A tela sensível ao toque veio no mesmo ano, na versão Kindle Touch. Em 2010, o dispositivo se tornou o produto mais vendido da história da Amazon. 

Fitbit 

O Fitbit representou uma inovação de produto entre os wearables ao popularizar o monitoramento de indicadores de saúde. Antes de ter um formato semelhante ao do relógio de pulso, o dispositivo se parecia mais com um mp3 player quando foi lançado, em 2009.  

O item era fixado à roupa e monitorava a quantidade de passos, as horas de sono e o número de calorias queimadas pelo usuário. À época, não era possível conectá-lo a smartphones. 

Ao longo dos anos, a Fitbit lançou vários outros dispositivos, incluindo pulseiras fitness e smartwatches, que adicionaram recursos como monitoramento de frequência cardíaca, rastreamento de exercícios específicos e notificações inteligentes. Em 2021, a empresa foi adquirida pela Google. 

Impossible Foods

Fundada em 2011, a Impossible Foods popularizou produtos à base de plantas que simulam alimentos de origem animal. O primeiro lançamento da marca foi o Impossible Burger, feito com proteínas de soja e de batata, óleos de coco e girassol e a molécula “heme” – a inovação de produto deste produto. 

O uso dessa molécula possibilitou que o Impossible Burger tivesse uma textura e um sabor semelhantes aos da carne bovina. 

O objetivo do fundador, o médico Patrick O’Reilly Brown, ao lançar o Impossible Burger era oferecer um alimento mais sustentável, que gerasse menos gases do efeito estufa e consumisse menos água durante a produção. 

Hoje a empresa do Vale do Silício oferece produtos que simulam carne de frango e de porco. Os hamburgueres já são oferecidos em grandes redes de fast food, como o Burger King. 

🔵Leia também: Inovação incremental: pequenas mudanças, grandes resultados

Como criar um produto inovador 

Conhecendo a definição e exemplos, veio a vontade de criar um produto inovador? 

É necessário um processo colaborativo para se chegar a uma inovação de produto. Tenha em mente que a inovação leva tempo e pode não ser perceptível imediatamente.  

Não existe uma fórmula para criar um produto inovador, mas você pode se inspirar na abordagem do Design Thinking para começar esse processo. As etapas abaixo servem como um norte para quando não se tem ideia por onde começar:

  1. Identificação uma necessidade ou problema: identifique uma necessidade não atendida no mercado ou um problema que você deseja resolver. 
  2. Pesquisa de mercado: realize uma pesquisa de mercado detalhada para entender o público-alvo, a concorrência e as tendências do mercado. 
  3. Geração de ideias: use técnicas de brainstorming e pensamento criativo para gerar uma variedade de ideias para o seu produto. 
  4. Avaliação e seleção de ideias: avalie as ideias geradas com base em critérios como viabilidade técnica, potencial de mercado e alinhamento com a estratégia da empresa. Selecione as ideias mais promissoras para desenvolvimento. 
  5. Desenvolvimento do conceito: desenvolva um conceito detalhado do produto, incluindo especificações, design e recursos principais. 
  6. Prototipagem: crie protótipos do produto para testar e iterar o design e a funcionalidade. 
  7. Testes e validação: realize testes de mercado e validação do produto com usuários reais para garantir que atende às necessidades e expectativas do mercado. 
  8. Desenvolvimento e produção: com base nos feedbacks dos testes, refine o produto e inicie a produção em larga escala. 
  9. Lançamento e marketing: lance o produto no mercado e implemente uma estratégia de marketing eficaz para gerar interesse e impulsionar as vendas. 
  10. Acompanhamento e melhoria contínua: monitore o desempenho do produto e solicite feedback dos clientes para fazer melhorias contínuas e garantir a relevância do produto ao longo do tempo. 

Esperamos que este guia sobre inovação de produto tenha servido como uma faísca para ter mais ideias inovadoras. Boa sorte na sua jornada! 

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Olívia Baldissera

Por Olívia Baldissera

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Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo do Blog do EAD.