Filosofia clássica no Enem: as ideias de Sócrates, Platão e Aristóteles

Postado em 30 de jan de 2022
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Você sabia que um dos principais conteúdos da prova de Ciências Humanas do Enem é filosofia clássica?

A prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias reúne questões de história, geografia, sociologia e filosofia. Em média, pelo menos 15 das 45 questões que compõem a prova são especificamente de filosofia. 

Essas questões passam por diversos campos dos estudos filosóficos, mas um dos principais é filosofia clássica. 

Esse assunto aparece em todas as edições do Enem e ganha um número considerável de questões, merecendo, assim, sua atenção na hora dos estudos.

Quer saber mais sobre filosofia clássica no Enem? Continue conosco e entenda tudo sobre o assunto!

Confira: 

 

O que caracteriza a filosofia clássica 

A filosofia é dividida em fases a partir das semelhanças que os filósofos possuem entre si. 

Um destes períodos é a filosofia clássica – momento em que se iniciou o pensamento filosófico, entre os séculos VII a.C e VI d.C.

A filosofia clássica começa com a transição do pensamento mítico para pensamento filosófico no ocidente, por volta do século VI a.C.

Na Grécia Antiga, os mitos eram a principal fonte de conhecimento da sociedade. Eram narrativas orais, contadas de pais para filhos, gerações para gerações. 

Essas histórias, que normalmente envolviam deuses, heróis e personagens sobrenaturais, eram utilizadas pelos gregos para explicar fenômenos da natureza, as origens do mundo e do ser humano. Além disso, elas também eram uma forma de explicar as regras morais da sociedade. 

Contudo, a partir do século V a.C., os gregos passaram a vivenciar novas experiências que modificaram suas formas de vida. 

A convivência coletiva em espaço público, o desenvolvimento do comércio e as viagens comerciais trouxeram nossas perspectivas para a sociedade. Essas novas experiências despertaram questionamentos sobre a veracidade dos mitos que circulavam.

A partir disso, as respostas sobre o ser humano e sobre o mundo passaram a ser investigadas de forma mais racional, por meio da observação e da razão. 

Assim, surgiram os primeiros filósofos, que são chamados de pré-socráticos .

Esses filósofos tinham os mesmos objetivos: descobrir a verdadeira origem do universo utilizando como base a observação da natureza. 

Nesse contexto, Tales de Mileto consagrou-se como o primeiro filósofo com a suposição de que a água era o princípio de tudo. 

Outros nomes importantes foram Anaximandro de Mileto, Pitágoras de Samos, Anaximenes de Mileto, Parmênides de Eléia, Heráclito de Éfeso, Zenão de Eleia, Demócrito de Abdera e Diógenes de Apolônia.

Apesar desses filósofos terem um importante papel no surgimento da filosofia, só houve uma transformação real no campo filosófico com as ideias de Sócrates 

O período socrático é marcado pelo forte amadurecimento da filosofia para uma forma mais estruturada e pelo desenvolvimento de pensamentos no campo da ética e da política, que estavam praticamente ausentes nos pré-socráticos. 

Muitos estudiosos, inclusive, apontam que foi com Sócrates que surgiu a filosofia clássica. 

Nesse sentido, a filosofia clássica poderia ser definida como a filosofia feita no período socrático, pelo próprio Sócrates ou pelos filósofos influenciados por ele, como Platão e Aristóteles .

Suas produções refletem sobre o conhecimento em si mesmo, a vida política, a ética, organização das cidades, a alma humana, entre outras questões que são basilares até os dias de hoje. 

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Os filósofos que mais aparecem nas questões do Enem 

Agora que você já sabe o que é filosofia clássica e quais as características desse período, qual tal conhecer mais sobre alguns dos principais filósofos dessa fase?

Nos tópicos a seguir, vamos apresentar as ideias dos três principais pensadores da filosofia clássica – Sócrates, Platão e Aristóteles – e trazer um panorama do período que antecedeu e sucedeu esses filósofos. 

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Confira:

1 - Pré-socráticos 

Como vimos no tópico anterior, o primeiro período da filosofia ocidental é o pré-socrático.

Essa fase da filosofia se caracteriza pela busca de uma maneira racional de entender a origem do universo, em oposição à visão mitológica que ainda era predominante na época. 

Nesse período, a mitologia grega explicava o universo através da cosmogonia . Ou seja, a existência humana girava em torno dos deuses e seus mitos. 

Os pensadores pré-socráticos , contudo, romperam com essa concepção.

Eles procuraram nos elementos da natureza as respostas sobre a origem do ser humano e do mundo. Não é à toa que grande parte dos estudiosos desse período ficaram conhecidos como "filósofos da natureza".

Eles foram responsáveis pela transição da consciência mítica para a consciência filosófica, buscando explicações sobre o universo baseado no lógos ("argumentação", "lógica", "razão"). 

Esses pensadores deram o pontapé inicial para toda a produção de conhecimento e representação da realidade que conhecemos hoje. 

Suas ideias serviram de base para o desenvolvimento da cultura ocidental e foram o primeiro passo em direção à filosofia clássica.

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2 - Sócrates 

Sócrates foi um dos maiores filósofos da Grécia antiga e é o principal nome da filosofia clássica. 

Ele trouxe importantes contribuições para os estudos do ser e de sua essência. Não é à toa que um de seus lemas era a famosa frase “conhece-te a ti mesmo”.

A filosofia de Sócrates é baseada no diálogo. Com a palavra, com o debate, com o questionamento, ele levava as pessoas a conhecerem mais sobre si mesmas e sobre o mundo. 

Seu processo trazia máximas que faziam os indivíduos abandonarem algumas certezas enraizadas e começarem a pensar mais sobre as coisas que os cercam. 

É por isso, inclusive, que Sócrates era chamado de parteiro de ideias.

 

3 - Platão 

Platão foi discípulo de Sócrates e um dos mais importantes filósofos do período clássico. A principal contribuição de Platão foi sua teoria idealista .

Essa teoria propõe uma distinção entre mundo sensível – inferior e enganoso – que seria obtido pelos sentidos do corpo, e o universo inteligível – superior e ideal – que nos permitiria acessar a verdade sobre as coisas. 

Ou seja, de acordo com essa teoria, tudo aquilo que pode ser percebido através dos sentidos não passa de uma imitação de uma ideia.

Para o pensador, os sentidos são falhos e conduzem os seres humanos a uma vida de ignorância, presa às aparências.

Para ilustrar sua teoria, Platão utilizou o Mito da Caverna , uma história criada por ele próprio para explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos. 

Para Platão, o verdadeiro conhecimento estaria no uso da razão, a única ferramenta para alcançar o conhecimento verdadeiro, o conhecimento das ideias. 

Através da razão, os seres humanos seriam capazes de alcançar a essência, os conceitos, as ideias fixas e imutáveis de cada ser ou objeto existente.

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4 - Aristóteles 

Aristóteles também é um dos principais nomes da filosofia clássica. Ele foi aluno de Platão na Academia, mas discordava de seu mestre acerca da teoria das ideias. 

Aristóteles é conhecido como um filósofo empirista. Ou seja, ele baseava o conhecimento na experiência. Segundo o filósofo e ao contrário de Platão, o conhecimento da verdade deveria passar por dois campos de nosso saber: o intelecto puro (razão) e os sentidos do corpo. 

Além da valorização do conhecimento empírico, os principais assuntos da filosofia aristotélica passam também pelos campos da metafísica, ética e política.

5 - Pós-socráticos 

Após a morte de Sócrates e com o fim da hegemonia política e militar da Grécia, inicia-se o período pós-socrático da filosofia. 

Nessa fase, desenvolveram-se três principais correntes de pensamento: ceticismo, epicuristas e estoicos .

Os pensadores ceticistas acreditavam que a dúvida deveria ser constante, uma vez que não se pode conhecer nada de forma exata e completamente segura. 

Já os seguidores do pensador Epicuro , denominados Epicuristas, defendiam a virtude como geradora do bem, ou seja, o corpo não deveria sofrer, tampouco a alma, para chegar ao prazer. 

No estoicismo, a razão era defendida e qualquer fenômeno exterior à vida, como a emoção, o prazer e o sofrimento, deveria ser deixado de lado.

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Como estudar filosofia para o Enem

Primeiro, é importante que você tenha em mente que o Enem não é uma prova de decoreba. Assim, você não precisa saber ao pé da letra o nome de todos filósofos ou saber citar cada linha teórica da área. 

A maioria das questões do Enem de filosofia, como grande parte da área de Ciências Humanas, são acompanhadas por textos de apoio. Esses enunciados fornecem ótimas pistas sobre o assunto abordado, contextualizando o tema da questão.

Por isso, é muito mais importante que você tenha um conhecimento geral sobre as teorias e filósofos, sabendo relacionar esses conceitos, do que ter tudo decorado de forma mecânica e sem um entendimento profundo. 

Na hora de estudar , não foque em saber tudo sobre filosofia. Oriente seus para compreender de forma plena os principais conceitos e teorias, tendo capacidade para fazer relações entres eles e situá-los na história. 

Isso certamente garantirá um bom desempenho na prova!

Questões do Enem de filosofia clássica para praticar 

Vamos ver na prática como o conteúdo de filosofia clássica cai no Enem? Confira a seguir algumas questões cobradas nas edições anteriores do exame:

1 - (Enem) Sem dúvida, os sons da voz (phone) exprimem a dor e o prazer; também a encontramos nos animais em geral; sua natureza lhes permite somente sentir a dor e o prazer e manifestar-lhes entre si. Mas o lógos é feito para exprimir o justo e o injusto. Este é o caráter distintivo do homem face a todos os outros animais: só ele percebe o bem e o mal, o justo e o injusto, e os outros valores; é a posse comum desses valores que faz a família e a cidade.

ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Nova Cultural, 1987 (adaptado).

Para o autor, a característica que define o ser humano é o lógos, que consiste na

2 - (Enem) Quando soube daquele oráculo, pus-me a refletir assim: “Que quererá dizer o Deus? Que sentido oculto pôs na resposta? Eu cá não tenho consciência de ser nem muito sábio nem pouco; que quererá ele então significar declarando-me o mais sábio? Naturalmente não está mentindo, porque isso lhe é impossível”. Por longo tempo fiquei nessa incerteza sobre o sentido; por fim, muito contra meu gosto, decidi-me por uma investigação, que passo a expor.

(PLATÃO. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção Os Pensadores. Vol. II. São Paulo: Victor Civita, 1972, p. 14.)

O texto acima pode ser tomado como um exemplo para ilustrar o modo como se estabelece, entre os gregos, a passagem do mito para a filosofia. Essa passagem é caracterizada:

3 - (Enem/2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. Sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.

BREHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na

4 - (Enem/2012) TEXTO I

Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.

BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).

TEXTO II

Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”

GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).

Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que

5 - (Enem/2020) Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhe parece um bem; se todas as comunidades visam algum bem, é evidente que a mais importante de todas elas e que inclui todas as outras tem mais que todas este objetivo e visa ao mais importante de todos os bens.

ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB,1988

No fragmento, Aristóteles promove uma reflexão que associa dois elementos essenciais à discussão sobre a vida em comunidade, a saber:

6 - (Enem PPL 2020) Se os filósofos não forem reis nas cidades ou se os que hoje são chamados reis e soberanos não forem filósofos genuínos e capazes e se, numa mesma pessoa, não coincidirem poder político e filosofia e não for barrada agora, sob coerção, a caminhada das diversas naturezas que, em separado buscam uma dessas duas metas, não é possível, caro Glaucon, que haja para as cidades uma trégua de males e, penso, nem para o gênero humano.

PLATÃO. A República. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

A tese apresentada pressupõe a necessidade do conhecimento verdadeiro para a

7 - (Enem PPl 2016) Estamos, pois, de acordo quando, ao ver algum objeto, dizemos: “Este objeto que estou vendo agora tem tendência para assemelhar-se a um outro se, mas, por ter defeitos, não consegue ser tal como o seu em questão, e lhe é, pelo contrário, inferior”. Assim, para podermos fazer estas reflexões, é necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer esse ser de que se aproxima o dito objeto, ainda que imperfeitamente.

PLANTÃO, Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972.

Na epistemologia platônica, conhecer um determinado objeto implica

Gabarito: 1 - D, 2 - B, 3 - B, 4 - D, 5 - A, 6 - B, 7 - D

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Redação Blog do EAD

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