O que falar em uma redação sobre racismo?

Redação Blog do EAD • 13 de junho de 2024

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit

Acompanhe

    O que você escreveria em uma redação sobre racismo no Enem?

    Esse é um tema bem abrangente, então, você pode ter diversas abordagens.

    Contudo, é importante entender o problema de forma global: O que é o racismo? Quais são suas consequências? Como ele aparece na sociedade?

    Neste artigo, buscamos apresentar uma perspectiva geral sobre o assunto e mostrar como o tema pode aparecer na redação do Enem. Confira!

    Banner para baixar modelo pronto de currículo ao clicar.

    O racismo estrutural no Brasil

    Racismo estrutural é uma forma de organização da sociedade que beneficia uma etnia específica ao passo que oprime e explora outra.

    No caso do Brasil, devido ao processo histórico de colonização e escravidão que durou mais de três séculos, a população branca é privilegiada e a negra é desmerecida.

    Trata-se de um processo sutil e complexo, que muitas vezes pode passar despercebido pela maioria, criando, inclusive, a perspectiva falsa de que “não existe racismo no Brasil”.

    No entanto, basta analisar a diferença de representações sociais entre a população branca e negra para observar que, na verdade, está bem explícito.

    A seguir, confira alguns dados que comprovam esse fato:

    • Segundo o Anuário Brasileiro , 66,7% da população carcerária é negra — ou seja, a cada três presos, dois são negros.
    • De acordo com levantamentos do IBGE , negros são 75% entre os mais pobres.

    Mesmo com a implementação de medidas, como a Lei das Cotas, para reduzir essa disparidade entre brancos e negros na sociedade brasileira, a questão do racismo estrutural ainda é muito evidente e precisa melhorar bastante.

    O que diz o Código Penal sobre o racismo

    Em 1984, a Lei nº 7716 foi regularizada e tornou o racismo crime inafiançável. Segundo a legislação:

    “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.”

    Algumas situações de racismo a qual a lei pode ser aplicada são:

    • Negar ou obstar emprego em empresa privada;
    • Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
    • Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

    A pena pode chegar a cinco anos e multa.

    Como o tema racismo pode aparecer na redação do Enem

    O discussão em torno do racismo está sempre presente no Brasil. Como o problema aparece de diversas formas na sociedade, esse é também um tema que o Enem sempre gosta de trazer como pauta.

    Inclusive, racismo foi o tema da redação da reaplicação do Enem 2016: “Caminhos para combater o racismo no Brasil”.

    Embora já tenha aparecido uma vez, existem diversas outras maneiras dessa pauta aparecer na redação do Enem. Confira algumas:

    Cotas raciais

    Criada em 2012, a Lei de Cotas determina que universidades e instituições de ensino federais reservem metade das vagas para estudantes que fizeram todo o ensino médio em escolas públicas e consigam a nota necessária para ingressar na instituição escolhida.

    Dentro dessa legislação, as cotas raciais viraram uma subcota, dentro dessa reserva de vagas para alunos de escolas públicas. A porcentagem para pretos, pardos e indígenas não é fixa – varia de acordo com a quantidade de habitantes desses grupos no estado onde se localiza a instituição de ensino.

    Em 2022, a Lei de Cotas completa dez anos, o que faz com que o tema seja uma boa aposta para a redação do Enem.

    Diferença salarial

    De acordo com dados do IBGE, a média de ganhos de pretos e pardos equivale a 57,7% da renda de brancos. Os dados foram levantados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) , entre 2012 e 2020.

    A diferença salarial entre pretos, pardos e brancos é mais um dos dados que escara o racismo e a desigualdade no Brasil.

    Além disso, quando fazemos um recorte de gênero na questão da diferença salarial o abismo é ainda maior.

    Segundo a consultoria Gestão Kairós , mulheres negras ocupam somente 3% dos cargos de liderança nas empresas.

    Frente a todos esses dados, essas temáticas são também boas apostas para a redação do Enem.

    Segurança

    Conforme o Mapa da Violência (2016), dos 30 mil jovens entre 15 e 29 anos que morrem por ano, 77% deles são negros.

    Infelizmente, é comum assistir casos de violência policial e abuso de poder, principalmente em favelas, contra pessoas pretas, que apenas pela sua cor são consideradas suspeitas.

    Essa é outro debate que tem grandes chances de aparecer no Enem.

    Representatividade

    Quantos personagens principais negros da ficção você pode listar?

    Mesmo mais da metade da população sendo negra, a maioria das pessoas que ocupam grandes cargos na televisão, empresas, política e outros setores da sociedade ainda são brancas — menos de 5% dos colaboradores negros têm cargos de gerência ou diretoria, por exemplo.

    Sendo assim, a representatividade é outra pauta que está em debate na sociedade.

    Como começar uma redação sobre racismo

    Você pode começar sua redação sobre racismo de diversas formas, desde que, ao longo dela, tenha três elementos fundamentais:

    • Contexto: introduzir o assunto de alguma maneira.
    • Compreensão do tema: mostrar que você entendeu a pauta da redação, trazendo todos elementos do tema.
    • Tese: a opinião que você pretende defender ao longo do seu artigo.

    A seguir, confira algumas formas de começar seu texto:

    História

    Traga algum contexto histórico relacionado ao racismo, como:

    • Escravidão;
    • Colonização;
    • Apartheid;
    • Zumbi dos Palmares;
    • Segregação racial.

    Lei

    Cite alguma lei relacionada a desigualdade racial ou racismo.

    Você pode utilizar a Lei Nº 7.716, que “define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor” ou a própria Constituição Federal de 88 , que diz no parágrafo 5º:

    “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”

    Notícia

    Infelizmente, saem notícias diárias de casos de racismo na mídia. Você pode citar algum caso e relacionar com o assunto.

    Estatísticas

    Traga algum dado relacionado ao racismo — já trouxemos vários ao longo deste artigo.

    Série e filmes

    Existem diversas produções que abordam o tema. Confira alguns que você pode usar:

    • Histórias Cruzadas;
    • Infiltrado na Klan;
    • A 13º emenda;
    • Cara Gente Branca;
    • Olhos que condenam.

    Música

    Sim, você também pode utilizar citações de músicas que falem do racismo na sua redação como repertório cultural! Confira algumas:

    • Racismo é Burrice — Gabriel Pensador
    • Negro Drama — Racionais MC's
    • Boa esperança — Emicida

    Comparação

    Faça um paralelo entre outro tempo ou lugar e traga para o Brasil de hoje.

    Por exemplo, os Estados Unidos são conhecidos pela questão do racismo bem evidente e você pode fazer um gancho com o Brasil, mostrando que o problema também está bem presente aqui.

    Citação

    Traga alguma frase emblemática de uma personalidade famosa ou estudioso, como essa do Nelson Mandela:

    “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”

    Exemplo de redação sobre racismo que tirou 1000 no Enem

    O texto abaixo é de Desirée Macarroni Abbade, então com 18 anos, do Rio de Janeiro. Ela foi um dos 77 candidatos que alcançaram a nota 1000 na redação do Enem de 2016 , cujo tema foi “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”:

    Profecia futurística
    Em meados do século passado, o escritor austríaco Stefan Zweig mudou-se para o Brasil devido à perseguição nazista na Europa. Bem recebido e impressionado com o potencial da nova casa, Zweig escreveu um livro cujo título é até hoje repetido: “Brasil, país do futuro”. Entretanto, quando se observa a deficiência das medidas na luta contra a intolerância religiosa no Brasil, percebe-se que a profecia não saiu do papel. Nesse sentido, é preciso entender suas verdadeiras causas para solucionar esse problema.
    A princípio, é possível perceber que essa circunstância deve-se a questões políticas-estruturais. Isso se deve ao fato de que, a partir da impunidade em relação a atos que manifestem discriminação religiosa, o seu combate é minimizado e subaproveitado, já que não há interferência para mudar tal situação. Tal conjuntura é ainda intensificada pela insuficiente laicidade do Estado, uma vez que interfere em decisões políticas e sociais, como aprovação de leis e exclusão social. Prova disso, é, infelizmente, a existência de uma “bancada evangélica” no poder público brasileiro. Dessa forma, atitudes agressivas e segregacionistas devido ao preconceito religioso continuam a acontecer, pondo em xeque o direito de liberdade religiosa, o que evidencia falhas nos elementos contra a intolerância religiosa brasileira.
    Outrossim, vale ressaltar que essa situação é corroborada por fatores socioculturais. Durante a formação do Estado brasileiro, a escravidão se fez presente em parte significativa do processo; e com ela vieram as discriminações e intolerâncias culturais, derivadas de ideologias como superioridade do homem branco e darwinismo social. Lamentavelmente, tal perspectiva é vista até hoje no território brasileiro. Bom exemplo disso são os índices que indicam que os indivíduos seguidores e pertencentes das religiões afro-brasileiras são os mais afetados. Dentro dessa lógica, nota-se que a dificuldade de prevenção e combate ao desprezo e preconceito religioso mostra-se fruto de heranças coloniais discriminatórias, as quais negligenciam tanto o direito à vida quanto o direito de liberdade de expressão e religião.
    Torna-se evidente, portanto, que os caminhos para a luta contra a intolerância religiosa no Brasil apresentam entraves que necessitam ser revertidos. Logo, é necessário que o governo investigue casos de impunidade por meio de fiscalizações no cumprimento de leis, abertura de mais canais de denúncia e postos policiais. Além disso, é preciso que o poder público busque ser o mais imparcial (religiosamente) possível, a partir de acordos pré-definidos sobre o que deve, ou não, ser debatido na esfera política e disseminado para a população. Ademais, as instituições de ensino, em parceria com a mídia e ONGs, podem fomentar o pensamento crítico por intermédio de pesquisas, projetos, trabalhos, debates e campanhas publicitárias esclarecedoras. Com essas medidas, talvez, a profecia de Zweig torne-se realidade no presente.

    Repare como a candidata aborda de maneira indireta o racismo no terceiro parágrafo, ao afirmar que a intolerância religiosa deriva das ideologias da superioridade do homem branco e do darwinismo social. Ela usou outro problema social como argumento para defender o seu ponto de vista.

    Por Redação Blog do EAD

    Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!

    Homem segurando o celular, sorrindo. Anúncio da Unisinos Online:

    Relacionados

    sidebar-bottom

     Categorias

    Entre na Faculdade

    Cursos de Graduação

    EAD

    Guia das Profissões

    Vida na Universidade

    Estude para o ENEM

    Carreira

    Mercado de Trabalho