Toda inovação que reduz o impacto da ação humana no meio ambiente é considerada uma inovação sustentável. Esse tipo de iniciativa é uma forma das empresas contribuírem na transição para uma economia verde, indispensável para a humanidade reduzir os impactos das mudanças climáticas.
Conheça os conceitos e alguns exemplos a seguir:
Alinhado ao Pacto Global e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), o conceito de inovação sustentável abrange toda inovação que possibilite a redução do impacto da atividade humana no meio ambiente.
Lembrando que “inovação” pode ser entendida como “o ato de criação de algo novo (palpável ou imaterial) que se diferencia de padrões pré-existentes, seja em modelos de negócios, processos, serviços ou produtos.”.
Já “sustentabilidade” tem sido definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “o suprimento das necessidades do presente sem o comprometimento da capacidade das gerações futuras de satisfazerem as próprias necessidades”.
Na prática, a inovação sustentável implica o trabalho em conjunto entre mercados, governos e sociedade para pensar em soluções que promovam uma produção mais limpa, redução de resíduos, redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE), novos serviços que substituam ou reduzam o consumo de produtos e desenvolvimento de sistemas de mensuração e monitoramento.
No setor privado, a inovação sustentável se mostra uma alternativa para estratégias de geração de oportunidades de negócio e de diferenciação em relação à concorrência, além de estar alinhada às expectativas da sociedade.
Uma pesquisa da consultoria McKinsey de 2020 realizada com consumidores norte-americanos concluiu que mais de 60% dos participantes pagariam mais por um produto com embalagem sustentável. Outro estudo, desta vez da NielsenIQ, mostrou que 78% dos consumidores dos EUA dão grande importância a um estilo de vida sustentável.
Em 2023, as duas consultorias se uniram para entender se, de fato, os americanos estavam adquirindo produtos mais sustentáveis. O estudo concluiu que produtos que fizeram alegações relacionadas à responsabilidade ESG (sigla para “environmental, social and governance”, termo que envolve iniciativas ambientais, sociais e de governança) tiveram um crescimento acumulado médio de 28% entre 2017 e 2022, contra 20% no caso de produtos que não se posicionaram dessa forma.
A pesquisa considerou apenas o setor de bens de consumo embalados (CPG, na sigla em inglês), analisando 44 mil marcas e 32 categorias de bebidas, alimentos, produtos de limpeza e cosméticos. Foram comparadas as taxas de crescimento do faturamento de produtos individuais com e sem alegações ESG.
A inovação sustentável pressupõe um equilíbrio entre a sustentabilidade ambiental, social e econômica:
A sustentabilidade ambiental foca na proteção do meio ambiente para as gerações atuais e futuras. Ela abrange ações de redução de emissão de GEE – por meio da transição energética –, de conservação dos recursos naturais e de proteção da biodiversidade.
A sustentabilidade social abrange práticas de redução de desigualdades não apenas econômicas, mas de gênero e raça. Também inclui ações de inclusão de pessoas com deficiência e de combate ao capacitismo.
A sustentabilidade econômica prega o crescimento sustentável de uma empresa. Ou seja, ela deve ambicionar ter lucro, desde que não fira os outros dois pilares.
Este pilar inclui o alinhamento à legislação ambiental, o investimento em tecnologias verdes e o uso responsável de recursos naturais em toda a cadeia de produção – inclusive na dos fornecedores.
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O desenvolvimento sustentável é o conjunto de processos e caminhos necessários para se alcançar a sustentabilidade, de acordo com o mesmo Relatório Brundtland:
[O desenvolvimento sustentável deve ser entendido como] um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender as necessidades e aspirações humanas.
É uma proposta de longo prazo, o que implica limitações sobre o uso de recursos ambientais e respeito à capacidade da biosfera de absorver os efeitos das atividades humanas.
O conceito se consolidou no cenário internacional em 1992, no Rio de Janeiro, com a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), a ECO-92. Os representantes dos países membros se comprometeram a considerar componentes econômicos, ambientais e sociais nas políticas de governo, além de assinarem a Declaração do Rio e a Agenda 21.
Investir em inovação sustentável é uma das formas das empresas contribuírem para a construção de uma economia verde. Esta é definida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) como:
[A economia verde é] uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos ambientais e a escassez ecológica.
Ela se baseia em três pilares:
A expressão é usada pela comunidade internacional desde a Rio-92 e tem inspirado políticas públicas e ações da iniciativa privada. O Brasil, em especial, tem se destacado como precursor de medidas alinhadas à economia verde.
Um dos principais motivos para isso é nossa matriz energética, composta por 78% de fontes renováveis, de acordo com o Balanço Energético Nacional de 2022. A média global é de apenas 29%.
Essa característica levou o país a, em 2022, concentrar 10% dos empregos verdes no mundo, sendo o segundo maior empregador da indústria de biocombustíveis, solar, hidrelétrica e eólica – está atrás apenas da China, que tem 42% dos 12,7 milhões de postos de trabalho do planeta. É considerado um “emprego verde” todo posto de trabalho digno que contribui para a redução da emissão de GEE ou que preserva o meio ambiente.
A expectativa da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) é de que as energias renováveis criem 38,2 milhões de empregos no mundo até 2030.
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O Brasil também tem grandes exemplos de inovação sustentável. Separamos dois deles, além de uma experiência internacional inspiradora. Confira:
A fibra têxtil Spinnova foi criada a partir da celulose microfibrilada (MFC) do eucalipto, de forma que os tecidos feitos deste material sejam biodegradáveis e tenham uma pegada de carbono 74% menor se comparados aos têxteis produzidos com outras fibras.
Ela foi desenvolvida em parceria entre a Spinnova, empresa finlandesa especializada em têxteis sustentáveis, e a Suzano, empresa paulista considerada a maior produtora de celulose do mundo.
Em 2023, as duas empresas, por meio da joint venture Woodspin, inauguraram na Finlândia a primeira fábrica em escala comercial da fibra têxtil sustentável. A unidade tem capacidade de produção de mil toneladas ao ano, com emissão zero de CO2 e um uso de água 99,5% menor em relação à manufatura de algodão convencional.
Óleos, solventes e graxas ecológicos são a proposta da Morlub, empresa fundada em 2010 em Caxias do Sul (RS). Além de serem atóxicos, os produtos não têm polímeros de petróleo, cloro nem óleos minerais na formulação.
Desenvolvido pelo Studio Roosegaarde, laboratório de design social dos Países Baixos, a Smog Free Tower absorve o ar poluído, limpa-o por meio de um processo de ionização e o libera novamente no ambiente.
A torre tem capacidade limpar até 30 mil m³ de ar por hora. Toda a poluição capturada é transformada em anéis, que são vendidos ao público como uma forma de financiamento do projeto.
Há unidades da Smog Free Tower nos Países Baixos, na Coreia do Sul, na China, no México, na Polônia e nos Emirados Árabes Unidos.
Não são necessários grandes projetos de engenharia para promover a inovação sustentável. Qualquer iniciativa que reduza o impacto da ação humana na natureza já é válida. Que tal implementar uma ideia assim na sua empresa?
