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Educação física inclusiva: o que é e como praticar

Escrito por Redação Blog do EAD | 13/06/21 12:00

Você já ouviu falar em educação física inclusiva? A prática nada mais é do que o direito à atividade física para todos. Isso significa dizer que o desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor deve ser garantido, também, para os alunos com algum tipo de deficiência.

A educação física inclusiva traz inúmeros benefícios, não só para alunos com deficiência, mas para a sociedade escolar como um todo.

Esse tipo de atividade existe desde a década de 1960 aqui no Brasil, mas ainda é pouco utilizada nas escolas e universidades que oferecem a disciplina.

Por isso, nesse artigo você vai conferir o que é educação física inclusiva, a legislação que ampara a causa no Brasil e algumas dicas para quem é profissional nessa área colocar em prática no dia a dia. Confira:

 

A história e a legislação da educação física inclusiva no Brasil

A prática inclusiva no esporte teve origem com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) após a promoção dos jogos do Stoke Mandeville Hospital, na Inglaterra.

A iniciativa tinha o objetivo de reabilitar e recuperar mais rápido os soldados que haviam ficado feridos e com sequelas decorrentes da Guerra.

Contudo, para além da reabilitação dos soldados, os jogos acabaram cunhando uma adaptação das práticas esportivas, dando origem, em 1960, a primeira edição das Paraolimpíadas.

Com a oficialidade do evento olímpico, aos poucos o assunto e a prática começaram a ingressar no ambiente escolar. Até então a educação física era uma disciplina excludente, já que os alunos com algum tipo de deficiência eram dispensados das aulas.

Essa área do conhecimento era permeada por valores competitivos, estimulando o desenvolvimento dos mais fortes e ágeis dentro de um padrão posto como ideal.

Não só os estudantes com algum tipo de deficiência eram excluídos dessas aulas, mas também todos aqueles que não se enquadravam num padrão psicomotor para os esportes convencionais.

Para quebrar com as barreiras do ensino convencional algumas legislações brasileiras foram de suma importância.

A primeira delas é a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada em 2007, que, dentre tantas questões, salienta a importância da inclusão no ambiente escolar.

Para isso, os Estados devem assegurar que “as pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação”.

Outro mecanismo importante nesse sentido foi a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), sancionada em 2015, que prevê o “acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar”.

🔵Leia também: O que é educação especial e inclusiva e como atuar na área

Qual a importância da inclusão na prática do esporte?

Mas afinal de contas, quais são os benefícios da educação física inclusiva?

A prática promete desenvolver habilidades para todos os alunos, também contribuindo para o desenvolvimento moral e intelectual. Importante lembrar que a educação para todos é um direito constitucional!

A realização de atividade física regular traz inúmeros benefícios para a saúde, inclusive pode prevenir mortes, como reforça a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Quando aliamos o esporte à inclusão, esses fatores são maximizados. Veja alguns dos motivos para você adotar a educação física inclusiva:

  • Estimula o desenvolvimento motor;
  • Contribui para a integração social;
  • Atua no desenvolvimento da autoconfiança e da autoestima;
  • Desenvolve valores de colaboração e empatia;
  • Ajuda a reduzir o estresse;
  • Previne doenças do coração e respiratórias.

Além disso, quando há um olhar para a capacidade dos alunos com deficiência, professores, colegas e a própria família do estudante mudam a percepção que têm sobre a criança ou adolescente.

Conferindo mais autonomia e autoconfiança para esses alunos, a comunidade escolar como um todo acaba se tornando mais igualitária.

Qual a diferença entre educação física inclusiva e educação física adaptada?

Quando falamos de inclusão para pessoas com deficiência na educação física enquanto disciplina escolar, há duas possibilidades de atuação: a educação física inclusiva e a educação física adaptada.

A educação física adaptada, como diz o próprio nome, consiste em adaptar as atividades para que os alunos com deficiência consigam desenvolvê-las.

Nesse modelo, há uma separação entre alunos com deficiência ou não, já que são propostas diferentes atividades para esses dois grupos.

Então os esportes convencionais sofrem algumas modificações para atender às necessidades desses estudantes, como, por exemplo, um basquete jogado com cadeira de rodas ou um jogo de vôlei com um juiz intérprete de libras.

Em contrapartida, na educação física inclusiva as atividades são pensadas para que todos os alunos, independentemente das suas limitações, consigam praticar a mesma atividade.

Esse é um modelo que privilegia o convívio e o bem-estar entre os colegas, com igualdade de oportunidades e respeito às diferenças, diferente do esporte convencional que tem um teor extremamente competitivo.

🔵Leia também: Descubra a melhor pós-graduação em educação para a sua carreira

Atividades físicas inclusivas para colocar em prática

Conheça algumas atividades físicas que podem ser praticadas por todos os alunos!

⚽Passa e repassa

Todos os alunos devem se sentar espalhados pela quadra e dois alunos serão os jogadores iniciais, cada um em uma ponta. Os jogadores que estão nas extremidades do campo iniciam a partida jogando a bola com as mãos.

Quem estiver espalhado pela quadra deve tentar pegar a bola sem tirar os quadris do chão. O que conseguir pegar, troca de lugar com o jogador da extremidade, e assim por diante.

🎾Minitênis

Assim como na modalidade convencional, a ideia dessa atividade é fazer a bola cruzar a rede, mas sem regras tão rígidas. O tamanho da quadra de tênis pode ser adaptado conforme o espaço físico da escola e também das necessidades dos alunos.

Pode ser divertido envolver os estudantes na confecção dos materiais alternativos para o jogo, estimulando a criatividade e a motricidade fina. Pode-se usar papelão, papel amassado, tubos de PVC e telas de janela.

🦀Caranguejobol

Duas equipes com o mesmo número de participantes devem ser formadas e distribuídas na quadra como num jogo de futebol, a única diferença é que os alunos devem ficar sentados e utilizar somente os apoios das mãos e pés para se movimentar, sem desencostar o quadril do chão.

Uma equipe deve tentar fazer gol no grupo adversário e sempre que um ponto for feito, a equipe ganhadora recomeça o jogo. Vence o grupo que fizer uma maior pontuação.

🐕‍🦺Pegue o rabo

Nessa modalidade a turma também é dividida em dois grupos com o mesmo número de participantes. O objetivo do jogo é roubar os “rabos” da equipe adversária, perdendo o grupo que ficar sem nenhum “rabo”.

Para confeccionar os rabos também é permitido usar a criatividade: pedaços de jornal, tecido ou qualquer outro material podem ser amarrados na cintura dos alunos com barbante para representar o que deve ser “roubado”.

🎈Pegue o balão

Nessa atividade todos os alunos devem ficar sentados e amarrar um balão na cintura (os que usarem cadeiras de roda, por exemplo, podem amarrar os balões na cadeira).

A moral da atividade é tentar estourar os balões dos colegas ao mesmo tempo em que tenta proteger o seu próprio balão. Vence o jogo quem conseguir ficar com o seu balão intacto.

🖐Adivinhe pelo tato

O professor selecionará uma série de objetos: caneta, livros, brinquedos, comidas ou outras opções mais extravagantes e difíceis de adivinhar.

Os alunos, com os olhos vendados, devem adivinhar o que é cada coisa. Vencem os que acertarem todos ou a maioria dos objetos.
Outra variação para essa atividade é uma adivinhação pelo olfato, onde, também de olhos vendados, os estudantes devem adivinhar os cheiros de flores, plantas, chás e alimentos.

🏐Vôlei sentado

Essa modalidade tem praticamente as mesmas regras que o vôlei convencional, mas é jogado por todos os alunos, inclusive os com algum tipo de deficiência física, já que ele é praticado com os estudantes sentados na quadra.

Como os alunos ficam sentados, a altura de todos eles fica muito semelhante em relação a rede, tornando o jogo mais justo e não privilegiando os meninos ou meninas com estatura mais elevada.

🎱Bocha

Para jogar bocha na escola é preciso adaptar o espaço: crie uma espécie de pista montada na quadra com uma calha no centro da pista. A atividade é jogada em duplas e o professor deve iniciar a partida jogando uma bola branca.

As duplas, em seguida, deverão jogar bolas coloridas e tentar alcançar a bola branca posicionada pelo professor.

O detalhe é que um jogador estará de frente para a pista, pensando na estratégia de jogo, mas a sua dupla deve lançar a bola de costas para a pista.

Essa atividade, portanto, envolve confiança e colaboratividade entre os colegas que formam a dupla.

🏃‍♂️Corrida guiada

Nesta modalidade os alunos também devem ser divididos em duplas. Um terá os olhos vendados e o outro atuará como uma espécie de guia na brincadeira.

A atividade pode ser dividida em rodadas e, a cada partida, as duplas trocam de função.

Esse jogo também pode ser adaptado para outras modalidades além da corrida, como, por exemplo, fazer uma espécie de basquete guiado, onde um colega tenta fazer a cesta vendado enquanto o outro o guia.

💃Danças e capoeira

A dança consiste em fazer movimentos livres influenciados pelos ritmos de uma música, então tem um potencial de inclusão muito forte. Não há certo ou errado, o importante é se mexer e se divertir.

Na capoeira, a roda é um elemento importante, pois todos ficam ali, sentados lado a lado, de igual pra igual. Há uma exposição de todos, por isso os alunos também acabam perdendo a timidez.

Além disso, os movimentos da modalidade podem ser modificados, enfocando em movimentos simples que todos consigam fazer.

Outra possibilidade é trabalhar as músicas da capoeira, envolvendo os estudantes, em conjunto, cada um a sua maneira, para produzir um som.

🔵Leia também: 3 atividades inclusivas para fazer em sala de aula com seus alunos

Dicas para os profissionais de educação física: como planejar uma aula inclusiva?

A formação do profissional de educação física pode ser como bacharel ou licenciado, dependendo do enfoque escolhido pelo aluno. É na licenciatura, no entanto, que algumas práticas mais pedagógicas são trazidas no curso.

O primeiro passo que um professor de educação física deve levar em consideração é as vivências e dificuldades dos seus alunos. A partir disso, é importante explorar jogos e atividades que possam ser executadas por todos os estudantes.

Para o planejamento da aula é importante:

  • Empreender algumas adaptações no programa escolar, sobretudo nos métodos de avaliação e execução das atividades;
  • Utilizar metodologias de fácil compreensão e recursos que gerem interesse e motivação;
  • Entender as necessidades de cada aluno para as atividades propostas e o tempo de concentração necessária para a execução de cada uma delas;
  • Respeitar e entender o ritmo e as especificidades de cada estudante;
  • E, também, sempre perguntar se o aluno precisa de ajuda – e consultá-lo antes de efetivamente ajudá-lo.

Em um documentário sobre a educação física inclusiva no Brasil é possível conferir algumas estratégias criadas por educadores para promover a inclusão de todos os alunos na escola.

A principal delas é flexibilizar recursos (equipamentos esportivos, infraestrutura espacial e equipe de apoio) e/ou regras (diretrizes, normas e procedimentos) das atividades físicas.

Conclusão

Neste artigo você conferiu o que é uma educação física inclusiva, quais as diferenças em relação à educação física adaptada e quais os benefícios dessa prática, como o desenvolvimento motor e a construção de valores igualitários entre todos os alunos.

Além disso, você também conheceu alguns tipos de jogos, esportes e brincadeiras que podem ser aplicados no dia a dia da disciplina.

O profissional de educação física deve sempre estar atento às realidades e limitações dos seus alunos, para então conseguir planejar uma aula executável por alunos com ou sem algum tipo de deficiência. Essa aula contribui para a construção de uma educação mais inclusiva.

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