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Crise econômica, vulnerabilidade social e empregos precários. Estes são alguns fatores que empurram os brasileiros ao endividamento. Não existe uma solução fácil para isso, mas uma ferramenta abre caminhos para melhorar a qualidade de vida das pessoas: a educação financeira.
Para você ter uma ideia da dimensão do problema, o nível de endividamento médio das famílias brasileiras em 2023 foi o maior desde 2010, alcançando a marca de 78,5%.
Os números refletem o impacto econômico da pandemia na vida das pessoas, mas implicitamente carregam outros fatores sociais, culturais e psicológicos que influenciam a forma como o indivíduo se relaciona com o dinheiro.
Saber reagir em um cenário de incertezas é um dos objetivos da educação financeira, tema transversal da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Você vai aprender mais sobre o assunto a seguir, confira:
A educação financeira é um processo voltado para melhorar a compreensão de indivíduos e grupos sobre conceitos e produtos do mundo das finanças. O objetivo é oferecer informação, formação e orientação para que as pessoas desenvolvam as competências necessárias para lidarem com as oportunidades e riscos envolvidos no sistema econômico atual.
Essa é a definição da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e adotada pelo governo brasileiro no programa Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), que desde 2010 realiza cursos e pesquisas sobre o tema, além de elaborar material didático para o Ensino Fundamental e Médio.
A educação financeira só entrou de forma sistematizada na educação básica com a BNCC. Antes, ele era abordado na ENEF, que ainda mantém programas de capacitação de professores da rede pública para abordar o assunto em sala de aula a partir dos primeiros anos do Ensino Fundamental.
Quando pensamos em educação financeira, a primeira disciplina escolar que nos vem à mente é a matemática, certo?
Por isso é importante refletirmos sobre a distinção entre dois termos antes de prosseguirmos com o texto.
A matemática financeira abrange a aplicação de conhecimentos matemáticos à análise de questões relacionadas à dinheiro. Já a educação financeira é bem mais ampla, ao tratar sobre a formação de comportamentos individuais e coletivos relacionados às finanças.
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A educação financeira é apresentada como um tema contemporâneo transversal e integrador na BNCC. O trabalho do assunto em sala de aula está previsto no Parecer CNE/CEB nº 11/2010 e na Resolução CNE/CEB nº 7/2010.
Isso significa que o assunto pode e deve ser abordado em diferentes componentes curriculares, pois está conectado a todas as competências gerais da Base. No entanto, ele não é obrigatório. A decisão de inserir a educação financeira nas escolas fica a cargo dos secretários municipais e estaduais, que definem as prioridades dos documentos direcionadores das redes de ensino.
Já em matemática o ensino de conceitos básicos de economia e finanças é obrigatório nos anos finais do Ensino Fundamental. Eles estão previstos na unidade temática “Números”, que tem como principal objetivo desenvolver o pensamento numérico, incluindo a interpretação de argumentos baseados em quantidades.
A Base sugere alguns conteúdos que podem ser trabalhados pelo professor:
No Ensino Médio, a abordagem é mais abrangente. A educação financeira é mencionada explicitamente na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, como parte das categorias “Política e Trabalho”.
O foco é compreender o sistema monetário contemporâneo nacional e internacional, contribuindo assim para o desenvolvimento de uma visão crítica e consciente sobre o mundo atual em cada estudante.
A BNCC de Matemática sugere a educação financeira como contexto para trabalhar o conteúdo de 4 habilidades:
Associar as representações 10%, 25%, 50%, 75% e 100% respectivamente à décima parte, quarta parte, metade, três quartos e um inteiro, para calcular porcentagens, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de educação financeira, entre outros.
Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com base na ideia de proporcionalidade, sem fazer uso da “regra de três”, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de educação financeira, entre outros.
Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, como os que lidam com acréscimos e decréscimos simples, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, no contexto de educação financeira, entre outros.
Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com a ideia de aplicação de percentuais sucessivos e a determinação das taxas percentuais, preferencialmente com o uso de tecnologias digitais, no contexto da educação financeira.
Todas essas habilidades da BNCC podem ser incluídas no seu plano de aula de matemática.
Lembre-se de que abordar a educação financeira nas escolas não se restringe aos conteúdos acima. Ela pode ser trabalhada nas habilidades de outras áreas do conhecimento, como nos exemplos abaixo:
Ler e compreender, com autonomia, boletos, faturas e carnês, dentre outros gêneros do campo da vida cotidiana, de acordo com as convenções do gênero (campos, itens elencados, medidas de consumo, código de barras) e considerando a situação comunicativa e a finalidade do texto.
Calcular o consumo de eletrodomésticos a partir dos dados de potência (descritos no próprio equipamento) e tempo médio de uso para avaliar o impacto de cada equipamento no consumo doméstico mensal.
Avaliar, com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais, tecnologias e possíveis soluções para as demandas que envolvem a geração, o transporte, a distribuição e o consumo de energia elétrica, considerando a disponibilidade de recursos, a eficiência energética, a relação custo/benefício, as características geográficas e ambientais, a produção de resíduos e os impactos socioambientais e culturais.
Falar sobre dinheiro no Brasil é um tabu. Pense em exemplos do seu dia a dia: seus colegas de trabalham falam abertamente o salário que recebem? Os pais revelam para os filhos o orçamento de casa?
Não tocar no assunto é um dos fatores que contribuem para o endividamento das famílias, além do cenário econômico atual do país.
A educação financeira nas escolas entra no currículo para formar cidadãos conscientes financeiramente e, indiretamente, levar o tema para a casa dos estudantes. O conhecimento, assim, tira as crianças de um lugar de desfavorecimento e se torna uma ferramenta de mobilidade social.
Na prática, crianças e adolescentes vão ser capazes de tomar decisões financeiras que os ajudem a realizar seus planos de vida, no curto, médio e longo prazo.
O assunto é tão relevante na contemporaneidade que é avaliado no Programme for International Student Assessment (Pisa), realizado a cada 3 anos pela OCDE. A prova abrange conteúdos de letramento financeiro, que são:
No Pisa de 2018 , o Brasil ficou em 17º lugar entre 20 países na avaliação de competências financeiras.
Ao serem indagados sobre onde aprendem sobre dinheiro, quase 90% dos estudantes brasileiros responderam que é em casa. A internet aparece em segundo lugar, com 80,6%, seguida por televisão e rádio (61,2%), professores (46,2%), amigos (43%) e revistas (32,1%). As escolas não aparecem na lista.
Sim, O caminho para implementação da educação financeira nas escolas brasileiras é longo, mas já demos os primeiros passos. O número de programas sobre esta temática cresceu 73% entre 2013 e 2018, ano em que metade deles passou a contemplar as instituições de ensino da rede pública. Os dados são da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF).
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O que é formação pedagógica e quem deve fazer?
Quer contribuir com a promoção da educação financeira nas escolas?
O primeiro passo é focar na sua formação. Afinal, é preciso primeiro aprimorar suas práticas pedagógicas de ensino de matemática antes de explorar com a sua turma as operações envolvidas no mundo das finanças.
Para quem tem formação em Pedagogia , uma segunda licenciatura em Matemática é um caminho. Outra boa opção é uma pós-graduação em ensino de Matemática.
Outro bom ponto de partida é consultar os livros produzidos pelo ENEF e verificar quais conteúdos podem ser incluídos no seu plano de aula. Você pode consultá-los nos links abaixo:
Por ser um tema transversal, a educação financeira nas escolas pode ser trabalhada em diferentes áreas, não somente na matemática. Confira algumas sugestões do portal Nova Escola :
É importante aproximar o conteúdo da realidade dos estudantes, considerando os contextos socioeconômicos da comunidade da qual eles fazem parte. Essa estratégia vale não apenas para a educação financeira, mas para o ensino da matemática e de outras disciplinas como um todo.
Mais uma fonte de inspiração para trabalhar a educação financeira é um projeto elaborado para o 4º ano do Ensino Fundamental e disponibilizado pelo Ministério da Educação (MEC). Ele se chama “Empreender para compreender: educação financeira na prática” e propõe que os estudantes criem um negócio no ramo do comércio. A ideia é que eles vivenciam a dinâmica financeira do dia a dia.
O Banco Central também oferece conteúdo gratuito para ser trabalhado por professores no portal Aprender Valor. O programa foi implementado em 2020, em caráter experimental, em escolas selecionadas do Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará e Paraná, além do Distrito Federal. Escolas interessadas podem aderir ao programa pelo site.
Por Olívia Baldissera
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