Como funciona o sistema Braille e sua importância para a inclusão

Redação Blog do EAD • 13 de junho de 2024

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    De acordo com dados do IBGE, existem no Brasil aproximadamente 6,5 milhões de pessoas com alguma deficiência visual, sendo que 529 mil são totalmente cegas.

    A cegueira é uma condição na qual a pessoa perde parcial ou totalmente sua visão. Ela pode ser congênita, quando a pessoa já nasce com a característica, ou adquirida no decorrer da vida.

    Para todas essas pessoas, o Braille é fundamental para sua inclusão na sociedade. O sistema de escrita e leitura é organizado em símbolos em relevo, que devem ser decifrados pelo leitor ao passar as mãos sobre a superfície.

    Mas você sabe como o sistema Braille foi desenvolvido e como chegou ao Brasil? É o que explicamos para você a seguir.

    Confira:

    Como funciona o sistema Braille

    O sistema Braille é um código de escrita em relevo voltado às pessoas cegas ou com baixa visão. O sistema é o mais adotado no mundo e, além das letras e números, ele oferece símbolos, pontuações e outros sinais que facilitam o entendimento de uma mensagem por aqueles que não conseguem enxergar.

    O Braille possui uma estrutura em relevo, formada por seis pontos verticais divididos em duas colunas de três pontos em cada. O sistema possibilita combinações que formam letras, números e símbolos.

    Por meio do toque das mãos, as pessoas que têm conhecimento das diferentes combinações têm acesso a informações impressas na superfície.

    O conjunto possibilita a formação de 63 símbolos, no entanto, o espaço que não é ocupado pelos pontos também é considerado com um sinal e, por isso, muitos especialistas consideram que o sistema Braille possui 64 símbolos.

    Como é feita a leitura do Braille

    A leitura é tátil, feita da esquerda para a direita e passando letra por letra. Os leitores podem optar tanto por utilizar uma mão ou as duas mãos, dependendo da forma com a qual se sentem mais confortáveis.

    No caso da leitura com as duas mãos, bimanual, cada uma é utilizada para ler a metade de um parágrafo. Na leitura com apenas uma mão, unimanual, ela volta até a metade do parágrafo para descer daí para a próxima linha do texto.

    Apesar de o Braille ser utilizado por pessoas cegas e sua leitura ser considerada tátil, ela também pode ser lida apenas pelos seus caracteres pelas pessoas que não possuem deficiência visual. Essa leitura é simples, e as pessoas interessadas precisam apenas decorar os símbolos.

    Além disso, o sistema Braille possui normas que devem ser seguidas. Há regras para o uso de letras maiúsculas e minúsculas, assim como regras para siglas, abreviações, utilização de números e letras juntos e muitas outras.

    Para poder conhecer todas as normas e informações do Braille no Brasil, acesse o Manual da Grafia Braille para a Língua Portuguesa divulgado pelo Ministério da Educação (MEC).  

    A história do sistema Braille

    Retrato de Louis Braille. Créditos: Braille Bug/American Printing House for the Blind. Retrato de Louis Braille. Braille Bug/American Printing House for the Blind.

    O sistema Braile foi desenvolvido por Louis Braille. Ele nasceu em Coupvary, na França, em 4 de janeiro de 1809. Quando tinha três anos, perfurou o olho esquerdo com um objeto de ponta ao brincar na oficina do pai.

    No acidente, Louis sofreu uma grave hemorragia, que gerou uma infecção nos dois olhos, deixando-o totalmente cego aos cinco anos de idade.

    Apesar da limitação para enxergar, o garoto tinha muita facilidade para decorar os conteúdos passados pelos professores. Aos 10 anos, ele conseguiu uma bolsa de estudos na primeira escola para cegos do mundo: o Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris.

    Naquela época, o sistema utilizado para a leitura dos cegos era o Valentin Haüy , que consistia em livros impressos com letras grandes em relevo.

    Com esse método era possível a leitura, mas não a escrita. Por causa dessa dificuldade, Louis decidiu aprofundar seus estudos para desenvolver um método melhor e mais amplo de leitura para pessoas cegas.

    Uma das primeiras publicações de Braille, ainda usando o método de Valentin Haüy. Créditos: Divulgação/American Printing House for the Blind. Uma das primeiras publicações de Braille, ainda usando o método de Valentin Haüy. Divulgação/American Printing House for the Blind.

    O militar francês Charles Barbier de la Serre contribuiu com Louis em sua pesquisa , pois havia desenvolvido um sistema de sinais em relevo para transmitir ordens aos soldados à noite, um método conhecido como “sonografia”. Porém, mesmo que pudessem ser lidos com a ponta dos dedos, havia uma dificuldade de memorização dos sinais.

    Louis Braille então começou a procurar soluções para que o sistema fosse mais prático, concluindo o estudo em 1824, aos 15 anos de idade. Entretanto, o sistema Braille só foi oficialmente aceito em 1843, quando começou a ser disseminado pela Europa.

    Alfabeto de Charles Barbier. Créditos: Merayudantia/Wikimedia Commons. Merayudantia/Wikimedia Commons. CC 3.0.

    O sistema Braille no Brasil

    No mesmo período em que o sistema Braille estava em fase de adaptação no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris, um jovem brasileiro estudava no local: José Álvares de Azevedo.

    O jovem de família rica, filho do escritor Álvares de Azevedo, havia nascido cego. Como não havia no Brasil uma instituição para cegos, ele foi enviado ao instituto, entre seus 10 e 16 anos de idade.

    Em Paris, o garoto aprendeu todo o método de Braille e voltou ao Brasil com grande vontade de expandir o conhecimento para outras pessoas com deficiência visual. Então, Azevedo começou a dar aulas, palestras e ensinar à população sobre como o sistema Braille funcionava.

    Azevedo conseguiu uma audiência exclusiva com o Imperador D. Pedro II, que admirado com o trabalho, ajudou-o na fundação de uma escola para cegos no Brasil. Assim, em 1854 foi criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos , que hoje carrega o nome de Instituto Benjamin Constant , localizado no bairro da Urca, no Rio de Janeiro.

    Entretanto, José Álvares de Azevedo faleceu aos 20 anos, seis meses antes da inauguração do instituto brasileiro, vítima de tuberculose. A data de seu nascimento, 8 de abril de 1934, foi escolhida no Brasil como o Dia Nacional do Braille.

    José Álvares de Azevedo (à esq.) fundou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, que hoje se chama Instituto Benjamin Constant. Créditos: Revista da Semana/Biblioteca Nacional. José Álvares de Azevedo (à esq.) fundou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, que hoje se chama Instituto Benjamin Constant (à dir.). Revista da Semana/Biblioteca Nacional.

    A importância do sistema Braille na educação inclusiva

    Utilizar o sistema Braille é uma forma de inclusão social que dá uma maior autonomia à pessoa com deficiência visual na sociedade. Ele proporciona o acesso à educação , ao mercado de trabalho e demais atividades.

    Além de instituições de ensino voltadas para atendimento desse público, também é importante que o uso do Braille seja contemplado em locais que fazem parte da vida de todas as pessoas, pois permite a inclusão da pessoa cega na sociedade.

    É preciso destacar que o estímulo precoce de crianças cegas é essencial para o seu desenvolvimento integral e educacional. Isso as torna mais independentes, além de favorecer as relações sociais, trocas de saberes e as experiências com outras pessoas.

    Cabe à escola a incumbência de oferecer aos estudantes cegos o suporte adequado para que possam se desenvolver da mesma forma que os demais colegas, atendendo suas demandas e especificidades, assim favorecendo seu processo de alfabetização e inclusão.

    4 mitos do sistema Braille

    Conheça os principais mitos sobre o Sistema Braille que acabam prejudicando a promoção de uma educação mais inclusiva:

    MITO 1

    • "Não é possível transcrever obras de grandes autores para o Braille por causa dos direitos autorais".

    O artigo 46 da Lei Federal nº 9.610/98 esclarece que não constitui ofensa aos direitos autorais a reprodução de obras literárias, artísticas ou científicas para uso exclusivo de cegos, desde que em Braille ou qualquer outro suporte para esses destinatários, e sem fins comerciais.

    MITO 2

    • "Crianças com deficiência visual não podem compreender histórias infantis quando lê livros".

    É fundamental que todas as crianças e adultos com deficiência visual aprendam o Braille, para sua independência e integração. Livros infantis adaptados a esta linguagem permitem que as crianças conheçam os clássicos.

    MITO 3

    • "Não existem cursos de idiomas adaptados para as necessidades das pessoas com deficiência".

    Apostilas ampliadas para alunos com baixa visão, computadores com o software de voz Virtual Vision para os cegos, aparelhos como a ponteira ou a colmeia (placa de acrílico que facilita o uso do teclado) são alguns dos recursos disponíveis às escolas de idiomas.

    Um bom exemplo da aplicação desses métodos é o Instituto Open Door , em São Paulo, onde os cursos são gratuitos e voltados para pessoas de baixa renda.

    MITO 4

    • "A pessoa com deficiência não tem direito de concorrer a uma bolsa de estudos do Programa Universidade para Todos (PROUNI)".

    O programa possui várias condições para que os candidatos possam concorrer a uma bolsa. Uma delas, justamente, é ser uma pessoa com deficiência.

    Conclusão

    O sistema Braille permitiu a inclusão de milhares de pessoas, em especial nas escolas, garantindo assim um direito constitucional. Mas avanços ainda são necessários, considerando que ainda falta acessibilidade nos espaços públicos e que nem todas as instituições de ensino estão preparadas para acolher estudantes cegos ou com baixa visão.

    Se você como educadora ou educador quiser contribuir para uma educação mais inclusiva, o melhor caminho é a educação continuada, seja por cursos livres ou especializações. Existem pós-graduações totalmente voltadas a práticas de educação inclusiva , no formato EAD e com aulas 100% online.

    É com conhecimento que você vai conseguir promover a inclusão na comunidade escolar.

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