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A valorização e o desenvolvimento das potencialidades de cada criança é a proposta da abordagem Reggio Emilia, que coloca o estudante no centro do processo de ensino e aprendizagem.
A filosofia educacional defende que toda criança é um sujeito de direitos que aprende e cresce ao se relacionar com os outros. Ela se desenvolve por meio de experiências diárias, contato com diferentes pontos de vistas e mobilização de pensamentos e emoções.
A expressividade e a criatividade são trabalhadas a partir da união de três educadores: professores, família e ambiente. Essa perspectiva é reconhecida no meio educacional do mundo todo, por ser considerada um meio de inovar na Educação Infantil.
A seguir, você vai conhecer os princípios norteadores da abordagem Reggio Emilia, além de descobrir formas de aplicar essa filosofia em sala de aula.
Tudo começou em 1947, em um vilarejo do norte da Itália destruído pelos bombardeios da Segunda Guerra Mundial, Villa Cella – localizada na comuna de Reggio Emilia, que dá nome à abordagem pedagógica.
A comunidade se uniu para reconstruir a escola da região, que receberia o nome “25 Aprille” (“25 de abril, em português). Era uma referência à data que marcou o fim da ditadura fascista na Itália.
Para conseguir os fundos para a construção, foram vendidos um tanque de guerra, seis cavalos e três caminhões deixados pelos alemães. A gestão da escola seria feita pelos pais dos estudantes, em parceria com a União das Mulheres Italianas (UDI, na sigla em italiano), que já administravam mais de 60 pré-escolas em Reggio Emilia.
A notícia da iniciativa se espalhou pela comuna e chamou a atenção de um jovem pedagogo, Loris Malaguzzi (1920-1994). Ele tinha como referenciais teóricos os trabalhos de Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky (1896-1934), John Dewey (1859-1952) e Maria Montessori (1870-1952), que o levaram a desenvolver uma abordagem que coloca a criança no centro do processo pedagógico.
Malaguzzi atuou por 7 anos na escola 25 Aprille. Esta passaria a ser administrada pelo município de Reggio Emilia em 1967, que manteria a abordagem educacional que tornou a região conhecida pelo país.
Em 1991, a abordagem Reggio Emilia se tornou uma referência mundial em Educação Infantil graças a uma reportagem da Newsweek , que incluiu uma pré-escola da comuna, a Escola Diana, entre as dez melhores do mundo.
Três anos depois foi fundada a Reggio Children , um centro internacional de pesquisa e defesa dos direitos das crianças. Hoje a rede conta com 13 creches e 21 pré-escolas na Itália, além de promover a formação de educadores em 34 países, incluindo o Brasil.
O nome de Malaguzzi se tornou sinônimo da abordagem Reggio Emilia. O poema “As Cem Linguagens da Criança” , escrito pelo pedagogo, foi escolhido como um manifesto da filosofia educacional.
Confira a tradução para o português:
A criança é feita de cem.
A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar, de jogar e de falar.
Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar.
Cem alegrias para cantar e compreender.
Cem mundos para descobrir.
Cem mundos para inventar.
Cem mundos para sonhar.
A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem), mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo.
Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar,
De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e, de cem, roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imaginação,
O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas.
Dizem-lhe: que as cem não existem.
A criança diz: ao contrário, as cem existem.
Os princípios da abordagem Reggio Emilia detalham a ideia de que o aprendizado pode acontecer de outras maneiras além da mecânica, adquirindo um caráter mais dinâmico e criativo. O conhecimento deveria ser construído em conjunto e não retido pelos estudantes.
Conheça cada um deles:
A criança é a protagonista de todo o processo de ensino e aprendizagem, adquirindo uma postura ativa. Ela deve explorar todas as suas potencialidades a partir de linguagens que vão além da codificada, como as pictóricas, expressivas e manipulativas (modelos e maquetes). O movimento do corpo deve ser incluído ao processo, ao possibilitar o manejo de objetos e ferramentas multimídia.
É com as descobertas sensoriais que o conhecimento é construído. A experimentação empodera os pequenos, que sentem-se estimulados a explorar o mundo por meio das linguagens.
Os professores também são aprendizes na abordagem Reggio Emilia. Eles devem praticar uma pedagogia da escuta , ou seja, ouvir as crianças da forma como elas gostariam de serem ouvidas. Todas as suas linguagens devem ser consideradas, das palavras às ações.
É a partir da escuta que o educador estabelece e aprimora o método de ensino, que deve garantir a aprendizagem ao mesmo tempo que respeita as particularidades de cada estudante.
O professor precisa promover a aprendizagem nos aspectos:
Na perspectiva reggiana, o ideal é que cada turma conte com pelo menos dois professores, o que facilita a observação e a escuta.
A arte possibilita a experimentação, fundamental para a criança formular hipóteses e estabelecer relações entre objeto e conhecimento.
Na abordagem Reggio Emilia, as artes são trabalhadas em um ambiente educativo chamado de ateliê, onde são realizadas atividades como pintura, música e contação de histórias. Elas são indicadas como aliadas da aprendizagem significativa.
O profissional responsável por esse ambiente é o atelierista. Ele deve guiar os pequenos na manipulação dos materiais, apresentar novas vivências estéticas e documentar as experiências de cada estudante. Seu trabalho deve complementar o dos professores em sala.
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A abordagem Reggio Emilia defende a ideia da “escola sem muro”, em que a comunidade contribui ativamente na construção de um processo de ensino e aprendizagem que considere as potencialidades dos estudantes.
Professores, educadores, gestores, familiares e comunidade escolar como um todo devem trabalhar juntos pelo desenvolvimento pleno das crianças.
Quando falamos em ambiente, estamos nos referindo a todo espaço físico da escola e à casa da criança. Esses lugares devem estimulá-la a explorá-los com liberdade e segurança.
Loris Magaluzzi dizia que o ambiente tem o poder de iniciar todo tipo de aprendizado social, afetivo e cognitivo, além de promover relacionamentos agradáveis entre pessoas de diferentes idades. Isso gera uma sensação de bem-estar , pertencimento e segurança nos estudantes.
Escolas que seguem a filosofia reggiana compartilham alguns parâmetros nos projetos arquitetônicos, como:
A família deve atuar como parceira da escola, independentemente da composição. Ela colabora com o processo por ser o primeiro vínculo de aprendizagem da criança.
Isso significa participar de reuniões com professores e pedagogos, contribuir com as políticas escolares, acompanhar os encontros do conselho escolar e ajudar no planejamento do percurso pedagógico dos estudantes.
A documentação é essencial na abordagem Reggio Emilia, já que ela possibilidade resgatar relatos que podem ser usados como base para outras experiências pedagógicas.
A documentação não deve ser usada para definir a trajetória do aprendizado, mas, sim, como instrumento de reflexão sobre a relação entre ensino e aprendizagem. Em outras palavras, ela deve ser vista como entendimento e valorização do processo e não apenas como uma prova do resultado.
A filosofia reggiana dialoga com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) da Educação Infantil já na definição de “criança” do documento:
“Sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.”
Outro ponto de conexão são os direitos de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil:
Também é possível relacionar os princípios da abordagem Reggio Emilia aos 5 campos de experiência da BNCC para a Educação Infantil:
As crianças devem interagir entre si e com adultos para criar percepções sobre si mesmas e sobre os outros. A escola deve criar oportunidades de contato com diferentes culturas e grupos sociais, para o estudante ampliar sua percepção sobre o mundo e valorizar as diferenças.
É por meio do corpo que as crianças exploram o mundo ao seu redor. Por isso as escolas devem estimular os pequenos a experimentarem diferentes movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo.
A escola deve possibilitar que a criança interaja com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas. É nessa interação que ela desenvolvera a sensibilidade, a criatividade e a expressão. Os estudantes também devem ser estimulados a criarem as próprias produções artísticas.
A escola deve promover experiências que permitam que as crianças falem e ouçam. Elas também devem ser estimuladas a se envolverem com a cultura escrita. Os pequenos devem conhecer as primeiras letras e desenvolverem uma escrita espontânea, entendendo que a escrita é um sistema de representação da língua.
O educador deve permitir o contato com a literatura infantil e apresentar os diferentes gêneros literários. Outra mediação importante envolve a diferenciação entre ilustração e escrita.
As crianças devem passar por experiências que possibilitem fazer observações, manipular objetos, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas.
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Quem pensa em seguir a abordagem Reggio Emilia deve focar na formação continuada. Isso significa participar de congressos, acompanhar as últimas pesquisas na área de educação e fazer cursos de pós-graduação em educação.
Mas é possível se inspirar em experiências bem sucedidas de outros educadores e colocar algumas ideias em prática, olha só:
Quem trabalha na preparação dos alimentos da merenda escolar também pode ser um educador na abordagem Reggio Emilia.
A ideia dessa atividade é o compartilhamento das experiências dos cozinheiros e cozinheiras, que podem explicar de onde vem os alimentos e como são preparados. As crianças não devem apenas observar, mas também manipular a comida.
Se você dá aulas para meninos e meninas entre 3 e 6 anos de idade, disponibilize para eles brinquedos que possam ser montados e desmontados, como blocos de madeira. Materiais recicláveis também são ótimos para estimular a criatividade das crianças.
Permita que eles se sentem no chão, sobre um tapete, e explorem o espaço livremente.
Loris Malaguzzi defendia a combinação dos ateliês aos projetos , por ser uma metodologia que dava mais autonomia para os estudantes. Estes têm a possibilidade de explorar e formular hipóteses para alcançar um determinado objetivo.
Na Educação Infantil, é possível trabalhar com elementos da natureza, lançando perguntas simples sobre animais ou plantas. O professor deve ouvir atentamente as respostas de cada um dos estudantes e estimular o debate.
💡Quer saber mais sobre a abordagem Reggio Emilia? Confira as fontes consultadas e indicações de leitura do Blog do EAD :
Por Olívia Baldissera
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