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Principais obras de Jorge Amado [Literatura no Enem]

Escrito por Mariana Moraes | 10/06/22 21:16

Jorge Amado é um dos autores mais importantes da literatura brasileira. Ele produziu mais de 30 romances, que foram traduzidos para 48 idiomas e publicados em 60 países.

Além de destaque na literatura, algumas de suas obras mais emblemáticas – como Gabriela, Cravo e Canela e Dona Flor e seus Dois Maridos – também foram adaptadas para a televisão, com filmes e novelas que marcaram época.

Diante da importância desse autor, é comum que seus livros sejam cobrados nos principais vestibulares e no Enem.

Falando do Enem, especificamente, você sabe quais obras de Jorge Amado podem cair no no exame?

Neste artigo, falaremos mais sobre a carreira do autor e apresentaremos os principais livros de Jorge Amado para você se preparar para o Enem. Vamos juntos?

Aqui você vai conferir:

Quem foi Jorge Amado

Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro pertencente à segunda geração modernista. Nascido na Bahia, seu estado de origem também foi cenário de grande parte de suas obras.

Nelas, o autor buscou mostrar os problemas que via na sociedade, retratando e analisando as camadas sociais mais fragilizadas e marginalizadas.

Em suas produções, Jorge Amado abordou desde o ciclo econômico do cacau na Bahia até a questão dos menores abandonados, além de passar também por temas como a seca, o cangaço e o fanatismo religioso.

Essa pluralidade de suas obras consagrou Jorge Amado como o autor nordestino que mais diversificou nos assuntos tratados.

Ao todo, ele produziu mais de 30 romances, que foram traduzidos para 48 idiomas e publicados em 60 países.

A linguagem poética, mas próxima da coloquialidade do povo, foi o que também ajudou a se popularizar.

Sua popularidade era tanta que refletiu nas inúmeras adaptações de suas obras, especialmente para a televisão.

Dado o volume de produções, os livros de Jorge Amados costumam ser agrupados em três categorias. Confira quais são:

ROMANCES PROLETÁRIOS

São os romances que se preocupam, sobretudo, em relatar como é a vida urbana em Salvador, capital da Bahia.

  • O país do carnaval (1931)
  • Suor (1934)
  • Capitães de Areia (1937)
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CICLO DO CACAU

São obras que retratam a exploração do trabalhador rural nas fazendas produtoras de cacau.

  • Cacau (1933)
  • Terras do sem-fim (1942)
  • São Jorge dos Ilhéus (1944)

DEPOIMENTOS LÍRICOS E CRÔNICAS DE COSTUMES

Obras marcadas por tipos populares e que retratavam a sociedade da época.

  • Jubiabá (1935)
  • Mar morto (1936)
  • Gabriela, cravo e canela (1958)
  • Dona Flor e seus Dois Maridos (1966)

Além de escritor, ofício para o qual dedicou sua vida, Jorge Amado também exerceu a função de deputado, quando foi eleito pelo Partido Comunista.

A carreira política, contudo, durou pouco. Depois de dois anos de mandato, com o partido na ilegalidade, Jorge Amado sofreu perseguições políticas e se exilou na Argentina.

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A segunda fase do modernismo brasileiro

Como mencionamos anteriormente, Jorge Amado pertence à segunda fase do modernismo brasileiro, certo? Mas, o que foi esse movimento da literatura brasileira?

A segunda fase do modernismo, chamada também de fase de consolidação ou geração de 30, começou em 1930 e durou até 1945, quando terminou a Segunda Guerra Mundial.

Foi um momento de amadurecimento da literatura nacional, caracterizado por temáticas nacionalistas, regionalistas e de caráter social, com predomínio de uma literatura mais crítica e revolucionária.

Além da prosa de ficção, a poesia brasileira também se consolidou nesse período — o que significou o maior êxito para os modernistas.

Jorge Amado é um dos principais autores dessa escola literária, junto com Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Érico Veríssimo, entre outros.

Confira as principais características da segunda fase modernista:

  • fase de consolidação do modernismo no Brasil;
  • vasta produção literária em poesia e prosa (poesia de 30 e romance de 30);
  • valorização do regionalismo e da linguagem popular;
  • utilização de versos livres, sem métrica, e brancos, sem rimas;
  • crítica à realidade social brasileira;
  • valorização da diversidade cultural do país;
  • temática cotidiana, social, histórica e religiosa.

É muito importante que você entenda os principais aspectos dessa fase literária porque muitas questões podem pedir que você relacione a obra e o período em que está inserida.

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Obras de Jorge Amado que mais aparecem no Enem

Agora vamos ao que interessa? Confira abaixo um resumo das principais obras de Jorge Amado que caem no Enem:

1. CACAU (1933)

Cacau foi o segundo romance de Jorge Amado, publicado em 1933. A obra retrata a vida dos trabalhadores das fazendas de cacau do sul da Bahia, na década de 1930.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo sergipano José Cordeiro, conhecido como Cearense.

Filho de industrial, Cearense não quer ser patrão: é operário e orgulha-se de sua atividade.

Contudo, acaba despedido da fábrica por ter se relacionado com uma colega de trabalho, cobiçada também pelo patrão, que é seu próprio tio.

Cearense então decide procurar serviço em outro lugar. Duas opções se apresentam: São Paulo, ou a zona cacaueira, no sul da Bahia. Cearense escolhe a segunda e viaja de barco rumo à região cacaueira.

Ali, na zona do Pirangi, na Fazenda Fraternidade, desenrola-se sua história, tendo como pano de fundo as condições de trabalho nas plantações de cacau. Lá, os trabalhadores são obrigados a aceitar uma situação de semi-escravidão.

Essa obra ficou muito conhecida pelo seu carácter crítico e de denúncia, relatando as duras condições em que viviam os trabalhadores da região cacaueira e a exploração por parte dos coronéis.

Cacau inaugura também uma das veias mais ricas da literatura de Jorge Amado — a dos livros dedicados à rica e sangrenta história da região cacaueira da Bahia.

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2. CAPITÃES DE AREIA (1937)

Capitães da Areia foi publicado em 1937.

Na obra, conhecemos a história de um grupo de meninos pobres que vivem abandonados nas ruas da cidade de Salvador, na Bahia. Eles moram em um trapiche e roubam para sobreviver.

Seu líder é Pedro Bala, e os meninos têm idades entre 9 e 16 anos. O grupo é conhecido como Capitães de Areia.

Ao longo do livro, acompanhamos as perseguições das autoridades locais ao grupo, mas também a ajuda dos misericordiosos. Por fim, os Capitães de Areia crescem e seguem rumos distintos.

Capitães da Areia é o mais famoso livro de Jorge Amado e o que mais vendeu em todos os tempos.

Na época de seu lançamento, a obra causou grande impacto e, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, chegou a ser queimada em praça pública.

Marcado principalmente pelo autoritarismo, o Estado Novo mantinha uma censura rígida sobre todos os meios de comunicação.

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3. GABRIELA, CRAVO E CANELA (1958)

Gabriela, Cravo e Canela é um dos mais célebres romances de Jorge Amado, publicado em 1958.

Ele conta a história da mulher “que tem a cor da canela e o cheiro do cravo”, recém-chegada a Ilhéus: Gabriela.

Ao longo da obra, acompanhamos o caso de amor entre Gabriela e o árabe Nacib, tendo como pano de fundo o período áureo do cacau na região de Ilhéus.

Na narrativa, são descritas as alterações profundas da vida social da Bahia da década de 1920, que inclui a abertura do porto aos grandes navios.

Gabriela personifica as transformações de uma sociedade patriarcal, arcaica e autoritária, afetada pelos sopros de renovação cultural, política e econômica.

Gabriela, Cravo e Canela representa um momento de mudança na produção literária de Jorge Amado.

Até então, o autor abordava temas sociais, mas, nesta segunda fase, faz uma crônica de costumes, marcada por tipos populares, poderosos coronéis e mulheres sensuais.

Ou seja, Amado nos mostra um novo estilo, agora voltado para a crítica aos costumes.

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4. DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS (1966)

Assim como Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e seus Dois Maridos é um dos romances mais representativos de Jorge Amado.

Publicado em 1966, o romance é protagonizado por Florípedes Guimarães, a Dona Flor.

O romance se inicia com a morte de Vadinho, um boêmio, jogador e alcoólatra que morre subitamente em pleno carnaval de rua.

Ele deixa viúva Dona Flor, a quem explorava e que, apesar da vida desregrada do marido, era apaixonada por ele.

Após a morte do marido, Dona Flor começa a ser cortejada por um novo pretendente, Teodoro, um farmacêutico pacato e religioso. E os dois acabam se casando.

Mas, de idade um pouco avançada e bastante conservador, ele não consegue satisfazer Dona Flor, que cada vez mais se lembra de Vadinho.

Certa noite, depois de um ano de casada, Dona Flor toma um susto: Vadinho está nu, deitado na cama, rindo e acenando para ela. O fantasma do malandro passa então a viver com o casal.

Assim, Dona Flor divide a vida com Teodoro Madureira e o fantasma do próprio marido.

Dos romances de Jorge Amado, Dona Flor e seus Dois Maridos é um dos mais conhecidos.

Foi levado ao cinema por duas vezes, em épocas diferentes, e os dois filmes foram um grande sucesso tanto de crítica como de público.