Centenário dos 18 do Forte de Copacabana [História no Enem]

Postado em 20 de mai de 2022
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Em 2022, completam-se 100 anos da revolta dos 18 do Forte de Copacabana, um dos principais eventos que levou ao fim da República Velha. 

Esse acontecimento e o momento histórico em que está inserido aparecem de forma frequente nas questões do Enem. 

E com o centenário da data, a tendência é que no Enem 2022 o assunto ganhe um número expressivo de questões na prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias. 

Você sabe o que foi o movimento dos 18 do Forte de Copacabana? Neste artigo, explicamos tudo sobre esse fato e o contexto histórico da época. 

Fique conosco e saiba tudo sobre esse conteúdo que certamente cairá na próxima edição do Enem!

Confira:

 

O que foi a revolta dos 18 do Forte 

A revolta dos 18 do Forte foi um movimento político-militar, considerado o primeiro grande marco do movimento tenentista. O nome desse acontecimento está associado ao número de pessoas que resistiram até o fim do confronto: 17 militares e 1 civil.

A revolta iniciou em 5 de julho de 1922 e foi encerrada no dia seguinte, na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. O palco principal da revolta foi o Forte de Copacabana.

Nessa data, tenentes do Exército Brasileiro se organizaram em oposição ao governo recém-empossado de Artur Bernardes e ao processo eleitoral vigente. 

Os militares estavam insatisfeitos com a República, controlada pelas oligarquias agrárias de Minas Gerais e São Paulo — a conhecida política do café com leite, em que o poder estava centralizado nas mãos dos cafeicultores e fazendeiros e mineiros e paulistas se alternavam no governo.

O movimento foi liderado pelo tenente-coronel Euclides Hermes da Fonseca, filho do Marechal Hermes da Fonseca

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Quando tudo começou

O estopim para o início da revolta foi a disputa pelo cargo da presidência do país, em 1921.

Arthur Bernardes disputou com Nilo Peçanha a sucessão presidencial de Epitácio Pessoa, aumentando as contradições entre o exército e as oligarquias dominantes. 

A situação foi agravada, quando a imprensa divulgou cartas supostamente escritas pelo candidato Bernardes, com acusações ao Exército e ofensas ao marechal Hermes da Fonseca, presidente do Clube Militar. 

Uma desavença com Epitácio, sobre a sucessão estadual de Pernambuco, resultou na prisão do marechal Hermes da Fonseca e no fechamento do Clube Militar, em 2 de julho de 1922. 

Depois desses fatos, iniciou-se o levante. 

A revolta

Em 5 e 6 de julho de 1922, os rebeldes bombardearam vários polos militares, como o Quartel General e o Arsenal de Marinha. 

Contudo, após os combates, as forças do governo dominaram a sublevação, restando apenas o Forte de Copacabana.

Dos 301 envolvidos, sobraram 29 revoltosos dentro do Forte de Copacabana, e com a prisão de Euclides Hermes, que saiu para negociar com seus opositores, restaram 28.

Munidos de fuzis e revólveres, esses 28 oficiais decidiram prosseguir e saíram em marcha pela avenida Atlântica para enfrentar as tropas do governo. 

No trajeto, receberam a adesão de um civil, Otávio Correia, e a desistência de dez dos militares. 

Os últimos 18 revoltosos marcharam em meio ao tiroteio. Apenas dois deles sobreviveram: os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes, importantes personagens nas décadas seguintes.

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 Centenário dos 18 do Forte de Copacabana - foto que retrata o acontecimento

A seguir, trazemos um pequeno resumo sobre as causas e objetivos da revolta dos 18 do Forte de Copacabana:

Principais causas do movimento

  • Descontentamento dos tenentes com o monopólio político das oligarquias de Minas Gerais e São Paulo.
  • Derrota do candidato fluminense Nilo Peçanha (apoiado pela maioria dos militares do Rio de Janeiro) para Arthur Bernardes (apoiado pela oligarquia de São Paulo). 
  • Prisão do Marechal Hermes da Fonseca, ex-presidente do Brasil e presidente do Clube Militar.
  • Descontentamento dos tenentistas com as fraudes eleitorais que ocorriam no Brasil na época da República Velha.
  • Fechamento do Clube Militar.

Objetivos principais

  •  Fim da República Velha e do domínio das oligarquias.
  •  Defesa de um sistema político democrático e mais justo para o Brasil.

Mesmo que não tenha sido bem sucedido, o episódio tornou-se um exemplo para militares e civis no país, dando origem a outras revoltas tenentistas como a Coluna Prestes, a Revolta Paulista de 1924 e a Comuna de Manaus

Esse movimento também preparou o caminho para a Revolução de 1930.

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O tenentismo 

O tenentismo foi um movimento político e militar realizado por jovens oficiais brasileiros durante o período da República Velha. 

Ele surgiu na década de 1920, e seu principal marco foi a revolta dos 18 do Forte de Copacabana. 

O movimento era composto em geral por tenentes e capitães que estavam insatisfeitos com o sistema político brasileiro, sobretudo com as práticas impostas pelas oligarquias.

Ao longo da história, o tenentismo se constituiu um dos principais agentes responsáveis pelo colapso da República Velha, ou seja, está inserido no processo de crise da sociedade agroexportadora e do Estado oligárquico no Brasil.

A seguir, vamos entender mais sobre esse período histórico. Continue conosco!

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A República Velha ou Primeira República 

A Primeira República — ou República Velha — é período que corresponde à primeira fase da república brasileira e que se estendeu de 1889 a 1930. 

Esse período ficou profundamente marcado pelas grandes oligarquias que controlavam a política do Brasil por meio de esquemas de troca de favores.

As oligarquias eram forças políticas que baseavam o seu poder em suas posses, isto é, na terra (os oligarcas eram, em geral, grandes proprietários de terra).

O predomínio das oligarquias sobre a política do Brasil começou a ser consolidado a partir de 1894, quando Prudente de Morais foi eleito presidente. 

A eleição de Prudente de Morais também marcou o fim do período conhecido como República da Espada. 

O predomínio das oligarquias resultou em algumas características que são consideradas grandes marcas da Primeira República. Entre elas, vale destacar o mandonismo, o clientelismo e o coronelismo.

Essas três práticas simbolizam o poder das elites agrárias no país, manifestado na posse de terras. Além disso, também marcam o poder dos coronéis sobre as regiões interioranas do Brasil e a troca de interesse, elemento fundamental para a sustentação das oligarquias no poder.

Outras características muito importantes desse período foram as políticas que sustentavam as estruturas no âmbito político do Brasil: a política dos governadores e da política do café com leite. 

Elas foram muito importantes porque reduziram os conflitos entre as oligarquias, mas não acabaram com elas.

Crises institucionais: Revolta de 1924 e a Coluna Prestes

imagem dos envolvidos no movimento de Coluna Prestes

A Primeira República iniciou sua fase de decadência na década de 1920. E os tenentistas foram uma das principais forças que abalou a estrutura da época.

Isso aconteceu porque os tenentistas reivindicavam o fim das estruturas oligárquicas que estavam estabelecidas no país. 

Assim, ao longo da década de 1920, eles realizaram uma série de revoltas por todo o país como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, que vimos neste artigo, a Revolta Paulista de 1924 e a Coluna Prestes.

Além desses movimentos, é Importante mencionar que a Primeira República foi um período marcado por tensões sociais que resultaram em conflitos por diferentes regiões do Brasil. 

Guerra de Canudos, Revolta da Armada, Guerra do Contestado, Revolta da Vacina e Revolta da Chibata são alguns dos principais.

Além disso, o desgaste do pacto que mantinha as oligarquias minimamente em paz também contribuiu para o fim desse período da história brasileira.

Mas, o real estopim para o fim da Primeira República foi a eleição presidencial de 1930. 

Nessa ocasião, o presidente Washington Luís resolveu romper com o Pacto de Ouro Fino e, em vez de lançar um candidato mineiro, optou por lançar Júlio Prestes, candidato paulista. 

Isso desagradou profundamente a oligarquia mineira que se aliou à oligarquia gaúcha e aos tenentistas, e juntos lançaram Getúlio Vargas como candidato presidencial.

Getúlio Vargas foi derrotado, mas membros de sua chapa eleitoral, inconformados com a derrota, começaram a conspirar contra o governo. 

A desculpa utilizada pelos membros da Aliança Liberal (chapa de Vargas) para iniciar uma revolta armada contra o governo foi o assassinato de João Pessoa, vice-presidente de Vargas. 

O assassinato de João Pessoa, porém, não teve relação com a disputa eleitoral entre Júlio Prestes e Vargas.

Apesar disso, a revolta contra o governo, nomeada como Revolução de 1930, iniciou-se em 3 de outubro de 1930, e, no mesmo mês, no dia 24, resultou na deposição de Washington Luís da presidência. 

Júlio Prestes foi impedido de assumir a presidência do país e, em novembro do mesmo ano, Getúlio Vargas foi empossado como presidente provisório do país. 

Era o fim da Primeira República, e o início da Era Vargas, período que se estendeu por quinze anos.

Questões do Enem sobre a República Velha para praticar 

Abaixo, separamos algumas questões do Enem sobre o que vimos neste artigo para você praticar. Confira:

1 - (Enem PPL 2020) Sendo função social antes que direito, o voto era concedido àqueles a quem a sociedade julgava poder confiar sua preservação. No Império, como na República, foram excluídos os pobres (seja pela renda, seja pela exigência de alfabetização), os mendigos, as mulheres, os menores de idade, os praças de pré, os membros de ordens religiosas.

CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.

A restrição à participação eleitoral mencionada no texto visava assegurar o poder político aos(às)

a) Assalariados urbanos.
b) Oligarquias regionais.
c) Empresários industriais.
d) Profissionais liberais.
e) Círculos militares.

Gabarito: B

2 - (Enem Digital 2020) O tenentismo veio preencher um espaço: o vazio deixado pela falta de lideranças civis aptas a conduzirem o processo revolucionário brasileiro que começava a sacudir as já caducas instituições políticas da República Velha. Os “tenentes” substituíram os inexistentes partidos políticos de oposição aos governos de Epitácio Pessoa e de Artur Bernardes.

PRESTES, A. L. Uma epopeia brasileira: a Coluna Prestes. São Paulo: Moderna, 1995 (adaptado).

Um dos objetivos do movimento político abordado no texto era

a) Unificar as Forças Armadas pelo comando do Exército nacional.
b) Combater a corrupção eleitoral perpetrada pelas oligarquias regionais.
c) Restaurar a segurança das fronteiras negligenciadas pelo governo central.
d) Organizar as frentes camponesas envolvidas na luta pela reforma agrária.
e) Pacificar os movimentos operários radicalizados pelo anarco-sindicalismo.

Gabarito: B

3 - (Enem 2016) As camadas dirigentes paulistas na segunda metade do século XIX recorriam à história e à figura dos bandeirantes. Para os paulistas, desde o início da colonização, os habitantes de Piratininga (antido nome de São Paulo) tinham sido responsáveis pela ampliação do território nacional, enriquecendo a metrópole portuguesa com o ouro e expandindo suas possessões. Graças à integração territoral que promoveram, os bandeirantes eram tidos ainda como fundadores da unidade nacional. Representavam a lealdade à província de São Paulo e ao Brasil.

ABUD, K. M. Paulistas, uni-vos! Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 34, 1 jul. 2008 (adaptado).

No período da história nacional analisado, a estratégia descrita tinha como objetivo

a) Promover o pioneirismo industrial pela substituição de importações.
b) Questionar o governo regencial após a descentralização administrativa.
c) Recuperar a hegemonia perdida com o fim da política do café com leite.
d) Aumentar a participação política em função da expansão cafeeira.
e) Legitimar o movimento abolicionista durante a crise do escravismo.

Gabarito: D

4 - (Enem 2011) Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final.

FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 (adaptado).

A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior.

TOPIK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 (adaptado).

Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a sua utilização:

a) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças
b) As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para este período.
c) As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas
d) A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias.
e) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das oligarquias.

Gabarito: C

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Mariana Moraes

Por Mariana Moraes

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